Crítica | Ladrões de Bicicletas (Ladri Di Biciclette)

O pós-guerra é um suspiro de alívio? Ladrões de Bicicletas (Ladri Di Biciclette), é um filme que nos mostra como a Segunda Guerra Mundial deixou marcas na sociedade, nas ruas e nas vidas de pessoas de classes mais baixas.


Em uma Itália por segunda guerra mundial. Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) consegue um emprego, mas para trabalhar precisa urgentemente de uma bicicleta ou se não o emprego será passado para outro pessoa, sua esposa Maria Ricci (Lianella Carell) é mãe de dois filhos, e para ajudar o marido a comprar a bicicleta ela vende cobertores de sua cama. Antonio compra sua bicicleta, mas acaba sendo roubada por ladrões de bicicletas. Antonio e seu filho Bruno (Enzo Staiola) começam a procurar a bicicleta roubada pelas ruas da Itália.


A escassez pós-guerra, foi um período muito difícil para o neorrealismo italiano e para a Itália em sí. A destruição feita por homens era mostrado nas telas em Ladrões de Bicicletas. Ruas sujas e cenários reais como uma forma de demonstração de destruição deixada pelos homens como casas, monumentos e lugares destruídos. O uso de alguns atores não profissionais funciona muito bem para retratar algo realista ou espontâneo fugindo da "artificialidade". O trabalho de Iluminação eram trocados por luzes artificiais e feitos por luzes do sol do dia a dia, como um método de tirar elementos do cinema de outras vanguardas e fazer algo único para mostrar realismo e aflição. Para mostrar realismo e aflição a câmera também conta com um tremor quando Antonio está preocupado com o roubo de sua bicicleta, uma forma de dramatizar a narrativa.


Ladrões de Bicicletas, foi um filme que me deixou muito tocado e reflexivo, de como a falta de provas concretas, injustiças ou a maldade feita pelas mãos de um homem pode influenciar muito em nossas vidas e na vida de nossos familiares. A dramática de Ladrões de Bicicleta não está apenas na narrativa mais sim nas locações e lugares onde Vittorio De Sica escolheu para gravar as cenas, o mise-èn-scene e a iluminação das casas reforçam a situação de pobreza e miséria que classes baixas estavam sofrendo na Itália pós-guerra.


Ladrões de Bicicleta é um filme pós segunda guerra mundial? Sim. Toda a injustiça de classes mais altas com classes mais baixas vem de uma antiga ditadura empregada na segunda guerra mundial. Polícias deixando um crime como roubo impune apenas por se tratar de um homem de classe baixa, isso é um cúmulo se pensarsmos nos dias de hoje. Quando vimos o filme ficamos revoltados como a ditadura da segunda guerra  foi injusta com pessoas pobres. Vittorio De Sica consegue nos fazer sentir essas sensações por meio de cenários, diálogos e uma revolta de uma itália totalmente escassa de comida, emprego e principalmente de empatia humana. Vimos como a segunda guerra mundial deixou marcas na vida de pessoas, que uma simples bicicleta era um objeto muito necessário para trabalhadores e como um meio mais acessível de locomoção, sendo ridicularizado por policiais e autoridades.


Podemos dizer que quase toda a dramatização está em Antonio e seu filho Bruno? Sim, e não. Ladrões de Bicicletas é um filme que a Itália estava em crises depois da segunda guerra mundial, crises que levaram a cidade quase abaixo. Ladrões de Bicicletas também e um filme que narra o drama de um pai e filho, de uma família para ser exato, em que se antonio não conseguir recuperar sua bicicleta sua esposa e seus filhos podem passar fome. Antonio pensa em roubar uma bicicleta mas não quer que seu filho veja tão ato do pai, ou seja, o que é mais forte no filme de Vittorio De Sica é o drama,a aflição, e pressão de uma família que pode passar fome. O filme de Vittorio é um filme de conflito entre o bem e o mau, a honestidade e a falta de compaixão.




Ladrões de Bicicletas (Ladri Di Biciclette) – Itália, 1948

Direção: Vittorio De Sica

Roteiro: Cesare Zavattini, Oreste Biancoli, Suso d’Amico, Vittorio De Sica, Adolfo Franci, Geraldo Guerrieri (baseado em romance de Luigi Bartolini)

Elenco: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Gino Saltamerenda, Vittorio Antonucci, Giulio Chiari, Elena Altierri, Carlo Jachino

Duração: 93 min.

Por: Felipe Porpino 

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