Crítica | Os Incompreendidos (Les 400 coups)

A ausência de uma família feliz pode acarretar completamente em nossa vida. François Truffaut conta sua biografia por meio do movimento de cinema francês, a Nouvelle Vague. 

A Nouvelle Vague foi uma quebra de padrões de filmes "Hollywoodianos" em que teve início no final dos anos 50' e início dos anos 60', um dos primeiros marco da Nouvelle Vague foi Acossado de 1960 do diretor francês Jean-Luc Godard. 

Nessa nova era do cinema francês o diretor François Truffaut dirigia um filme que contaria sua infância difícil, Os incompreendidos (Les 400 coups) de 1959, conta a história do rebelde Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) que foge da casa de seus pais por causa de uma advertência que recebeu na escola, ele e seu amigo René (Patrick Auffay) tentam levar uma vida no mundo lá fora mas mal sabe eles a maldade e malandragens que existe nas ruas. 

Truffaut, utiliza o cinema de sua época para contar a história de sua difícil infância com a difícil relação de Antoine com sua mãe rigorosa Gilbert Doinel (Claire Maurier) uma mulher infiel a seu marido em que sempre coloca desculpas no seu trabalho quando chega tarde, Antoine sabe que sua mãe é infiel a seu pai Julien Doinel (Albert Rémy) a relação com seu pai parece ser melhor comparado a relação de Antoine com sua mãe. 

Neste filme de Truffaut, vimos recursos muito utilizados nos filmes da Nouvelle Vague como Jump-cuts, cortes de uma mesma cena ou acontecimentos, ou seja são cortes sutis que são uma marca dos filmes da Nouvelle Vague, e também utiliza-se a câmera nas mãos para causar um dinamismo e realismo as cenas causando até uma impressão de documentário. 

Andamos pelas ruas da frança com Antoine , como se estivessemos naqueles tempos e isso causa a nós uma sensação de que já vivemos aquilo e que para nós passa a se tornar parte de nosso cotidiano, muito pela simplicidade e de problemas que temos no nosso dia a dia. 

A decupagem e os diálogos entre os personagens também nos transmite um ar de humanidade com linguagens informais e naturalidade tirando aquele aspecto de atuação forçada vindo do cinema clássico. 

A forma espontânea e a fluidez de como Os Incompreendidos é montado e gravado nos trás esse ar  documental, um ar de inocência e humanidade de uma França de tempos difíceis. 

Em os incompreendidos (Les 400 coups), vimos como o lar familiar e o ambiente onde somos criados pode influenciar muito em nossas decisões, quando somos crianças ou jovens tomamos atitudes sem pensar, Antoine não é o culpado de sua rebeldia nem de ser um mau aluno na vida e na escola, mas sim o lar onde nascemos e o retrato de nossos pais refletem em tal indivíduo, por isso os incompreendidos de François truffaut e um filme que nos mostra como a educação que os pais passam para os filhos pode influenciar em suas decisões e personalidade.

A inocência e falta de maldade de uma criança é incapaz de identificar como o mundo lá fora é cruel, por isso Antoine e seu amigo René não enchergam o quão pode ser arriscado eles quererem ter uma vida nas ruas de forma independente. 

Os incompreendidos (Les 400 coups) de François Truffaut e um filme biográfico de sua infância que soa muito atual até os dias de hoje, em que muitas crianças não só da frança mais sim do mundo passam por ambientes familiares difíceis e a falta de um pai ou mãe presente na vida de uma criança pode ser totalmente desastroso.






Os Incompreendidos (Les quatre cents coups) – França, 1959
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Marcel Moussy
Elenco: Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble, Georges Flamant, Patrick Auffay, Daniel Couturier
Duração: 100 min.

Por: Felipe Porpino 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica - Bailarina - Do Universo de John Wick (Ballerina)

Crítica - Armadilha (Trap)

Crítica - Apartamento 7A (Apartment 7A)