Crítica - Taxi driver

Disseminar os sentidos e os sentimentos de uma lógica comum, a crítica de cinema é a autópsia de um filme, essa é a verdadeira essência de assistir a um filme e logo após escrever um texto, com isso percebemos tudo aquilo que o filme deseja transmitir no mais profundo de suas entranhas. Este longa-metragem mostra o porquê de Martin Scorsese ser lendário. Espurcícia, libertinagem e corrupção. Taxi Driver (1976) também é uma bela crítica ao sistema e à sociedade. Se você é alguém que tem uma bela visão da cidade de Nova York, por favor, tire isso de sua cabeça! Em Taxi Driver (1976), mergulhamos nos dias angustiantes de um motorista de táxi, interpretado por Robert De Niro. Travis Bickle é um veterano da guerra do Vietnã, numa Nova York no apogeu de sua sujeira, a única forma de resolver isso é com as próprias mãos. Uma angústia e depressões pós-guerra podem afetar em decisões e pensamentos de um homem. Envolvendo mortes, com injustiças que não são de nossa conta, a disciplina de justiça é um colateral pós-guerra. 

Em primeiro lugar, há inúmeras frontalidades que, infelizmente ou felizmente, irão funcionar como engrenagens geradoras de estímulos que cativam toda desgraça alheia futura que acontecerá na narrativa. No fim das contas, me parece que toda a mise-en-scène propõe e vincula um maneirismo em exibir uma potência ilusória de uma cidade estereotipada, que é a cidade de Nova York. Mesmo assim, existe um enorme peso social de uma ralé desmoralizada, ridicularizada e esquecida, ou melhor, ignorada. Este filme não é vago ou restritivo. Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese, evidência novamente o egocentrismo, um egoísmo de um sistema que cairá às custas de um homem exausto de sua própria vida, em síntese, — este filme é sobre um super-herói. Em suma, um estudo de personagem, um estudo numa psique em declínio. O mundo está degringolando e a humanidade está definhando. Afinal, de quem é a culpa? 

Irei deslocalizar a centralidade desse texto algumas vezes com o intuito de articular novas ideias a respeito do longa-metragem. Enfim, qual é a finalidade da crítica de cinema? A crítica de cinema irá destrinchar as limitações de um filme, ou seja, desmembrar, remontar um argumento crítico, ou seja, uma descrição sobre os acontecimentos não é meramente uma crítica. Costumo dizer que o cinema é uma enorme moeda bifacial, ou seja, sempre teremos duas faces de uma unidade estilística. Isso é uma analogia, uma analogia que se adequa perfeitamente quando o assunto é cinema. Martin Scorsese é injustiçado. Martin Scorsese é genial. Sangue, violência, promiscuidade e atos criminosos, o que podemos retirar de seu cinema? 

Existem certas limitações que procuram delinear a criatividade e a fluidez autoral. Como resultado, sempre teremos os dois lados de uma moeda, quer dizer, um lado não será igual ao outro lado, cada face guarda suas qualidades e suas falhas. Isso é uma analogia que se sobrepõe a certas ideias a respeito do cinema, e aqui, não é diferente. No fim das contas, seria Martin Scorsese um romanticista da violência? É engraçado, mas é a verdade, a crítica é extremamente crítica a respeito do cinema de Martin Scorsese. É por isso que eu desejo expor a minha opinião sobre isso. Acho totalmente desnecessário limitar ou descredibilizar vivências vividas por alguém, um egoísmo de nossa parte. Isto é, uma certa parte de características autorais irá ser reutilizada pelo passado, assim, um passado traumático e desassossegado é o resultado de quem somos.

Há restrições debatidas com intenção de desmerecer e desacelerar o avanço linguístico do cinema. Ao invés disso, deixem o cinema evoluir e expandir os seus caminhos. Comumente, ouvimos dizer que uma das características mais presentes na filmografia de Martin Scorsese é uma estilização da violência, na verdade, uma violência que necessariamente se torna válida para salientar um realismo que se torna obrigatoriamente necessária, aliás, qual é o limite da paciência do homem? Numa dialética um pouco mais frontal, Taxi Driver (1976) deixa esse pensamento muito mais evidente por meio das atuações, atuações que explicitam de modo crescente o que está prestes a vir, quer dizer, a atmosfera deste longa-metragem está sempre em constante expansão de sentimentos. No fim das contas, Travis Bickle é um grande exemplo do que uma vida livre de ocupações pode gerar para uma psique propensa a certos desequilíbrios. 








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