Crítica | Acossado (À bout de souffle)


O marco da Nouvelle Vague, traz um amor que apenas está pensando no carnal.

É um fato dizer que a premissa abordada em Acossado de Jean-Luc Godard, é a perseguição policial à um criminoso. Mas enquanto vimos Michel se escondendo diante as autoridades, vimos a decadência da bondade de uma boa mulher perante o crime, por um "amor" que sempre está pensando no erotismo. A descrença no amor verdadeiro é evidente neste filme de Godard. 

Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) é um afoito e desesperado ladrão, que após roubar um carro acaba matando um policial. Michel é procurado pelas autoridades da frança, mas o criminoso está destinado a ir embora para a Itália junto com sua amante Patricia Franchini (Jean Seberg). Uma ingênua jornalista que acaba tornando cúmplice dos atos feitos por Michel. 

Godard faz algo bem íntimista em Acossado, mostrando de uma forma bem evidente e exposta o cotidiano e o íntimo dos personagens com muita naturalidade e leveza, como  algo comum no nosso dia a dia. Questões sexuais e relacionamentais são abordadas sem medo ou receio algum pelos personagens, levando ate uma impressão de amizade ou parceria vinda de Michel e Patricia. 

Para filmar Acossado, Godard utiliza a câmera na mão trazendo um aspecto dinâmico e cotidiano para o filme e para os personagens. O diretor também utiliza elementos clássicos e próprios da Nouvelle Vague como Jump-Cuts, que cortes sutis em um mesmo plano. A câmera tira a estabilidade filmica e fotográfica, levando o espectador para as ruas da frança trazendo leveza e normalidade para a obra. 

As ruas e locações reais da frança, nos passa algo naturalista dinâmico, pois o nosso dia a dia perante a sociedade é algo dinâmico e objetivo. Godard faz algo bem pensado e próprio em seu filme, tirando o aspecto "Hollywoodiano" de filmes da época e colocando algo autoral ao mesmo tempo real em seu filme. 
 
Esse dinamismo e fluidez é envolto também nas trilhas sonoras e pela velocidades que as cenas são executadas. A sensação que tive de Acossado foi como que o diretor quisesse fazer um "vídeo" do dia a dia de um criminoso doente e desesperado por alguém. Essa história de um criminoso desesperado por alguém é algo que soa até repetitivo e estranho se pensarmos como um  criminoso precisa de um "amor" para te deixar bem, mas todo esse pensamento que nos temos  pensado por nós acaba sendo inútil para o filme, pois Michel a todo momento está pensando apenas no sexo, deixando o "amor verdadeiro" de lado. Enquanto sua amante Patricia quer viver uma paixão como Romeu e Julieta, Michel está apenas de olho para o que há debaixo de suas saias. 

Godard faz um paralelo reflexivo interessante em Acossado, a bipolaridade. A bipolaridade é mostrado em forma de arte, uma pintura de um homem segurando uma máscara enquanto seu rosto está exposto. O comportamento e as afirmaçoes qestranho e doentil de Michel pode ser interpretado como uma certa bipolaridade e persuasão. Michel diz que ama Patricia mais seu amor está apenas no corpo da moça, um amor persuasivo e conquistado através da lábia de um gangster de meia tijela. 

A premissa temática apresentada em Acossado é claro contar a história de um criminoso sendo perseguido pelo um crime cometido, mas isso é mostrado de uma forma bem explícita digamos. Godard de uma forma implícita, mostra o quão degradante o crime pode ser para quem pratica e para quem é cúmplice do ato. E partindo para um modo sintomático nos perguntamos, como o amor deve ser? o amor é apenas atração física e sexual que sentimos por alguém? Ou o amor é amar? Ou seja, Acossado de Jean-Luc Godard trata
dinamicamente e cautelosamente cada aspecto e cada sentimento sem confusão alguma. O dinâmismo que Godard escolheu em sua filmografia para fazer seu filme, é um artifício inteligente e bem pensado no contexto narrativo da obra. 

A narrativa contextual de Acossado, é algo que trata aspectos do criminalistas, aspectos psicológicos e amorosos. São assuntos e temas que prendem o espectador, e que nos faz refletir também o quanto o crime pode ser prejudicial para sociedade do bem. No filme de Godard vimos uma moça jornalista sonhadora, que está em busca de seus objetivos profissionais que é tomada por um "amor", um amor apenas pela aparência física e carnal, um amor que acaba até sendo doentil e maléfico para a moça. 

Acossado mostra como o amor pode ser ilusório e ruim quando se trata de um amor não verdadeiro. O tema central apenas serve para mascarar a verdadeira menssagem e intensão do diretor. Uma menssagem que deve ser interpretada por nos mesmos e servir como uma certa "lição" para a sociedade e moças ingênuas que se relacionam com certos tipos de rapazes. 







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