Crítica | Ascensor para o Cadafalso (Elevator to The Gallows)


Louis Malle, traz uma ideia muito conservadora no filme. Onde o pecado está, o final não é feliz. 

Louis Malle, partilha da ideia em que onde o pecado está, não há um final feliz. A escuridão penetra a vida de cada envolvido, por mais que pensamos que estamos fora de cogitação o destino é irônico, e justo. 

Adaptado do livro de Nöel Calef, Elevator to The Gallows publicado em 1956. Foi adaptado 2 anos depois para o cinema, dirigido por Louis Malle, no início da Nouvelle Vague Francesa. 

Julien Tarvenier (Maurice Ronet), é recrutado para matar o seu chefe, Simon Carala (Jean Hall), para viver um romance com a própria esposa de Simon, Florence Carala (Jeanne Moreau). Após cometer o crime, Julien é acusado de assassinar um casal de alemães, mas enquanto o casal foi assassinado, Julien estava preso no elevador de seu trabalho.

Julien, é o tipo de pessoa que está no lugar errado, e na hora errada dos acontecimentos, o famoso "azarado". Um azar causado pelo "amor", mas não um amor puro e verdadeiro, mas sim um amor pecaminoso vindo de traições e mentiras, e sabemos que tudo que começa mau, termina pior ainda. 

A decupagem dinâmica e "criminosa" do filme de Louis Malle, lembra muito a decupagem de Jean-Luc Godard em Acossado (1960), que após cometer um crime, acompanhamos à trajetória  desesperadora e eufórica do personagem pelas ruas da frança. Mas, vejo um recurso muito próprio neste filme, por se tratar de um filme noir, o cineasta utiliza de maneira muito interessante o recurso Chiaroscuro, um recurso vindo da arte no período renascentista do século XV. Uma escolha de linguagem que funciona muito bem, pois os personagens estão em volto do pecado, e a falta de luz reforça este pensamento, pois onde a pecado, à escuridão e penitência.

O modo que Louis Malle, filma os personagens andando pelas ruas movimentadas e escuras da frança, passa para o espectador uma sensação de arrependimento das decisões tomadas pelos personagens. Uma música romântica e ao mesmo tempo melancólica, faz pensar que o romance pecaminoso é algo desastroso, que no climax de seu sentimento de prazer, as decisões que são tomadas são sem pensar nas consequências que irão vir. 

O pecado, é um tópico que está presente em toda a narrativa do filme. Os crimes cometidos, os relacionamentos, traições e a mentira. O filme de Louis Malle, reforça a ideia de que o pecado não compensa, e que as decisões que tomamos sem pensar, tem uma consequência que pode durar para o resto de nossas vidas. E que o prazer no final pode ter um gosto amargo.

E esse assunto é algo muito presente na narrativa do filme, consigo ver até uma certa semelhança com Um só pecado (La Peau Douce) de François Truffaut. Talvez Truffaut, teria usado o filme de Malle como referência para seu filme. O cineasta consegue misturar gêneros como noir, crime, suspense e romance em uma mesma trama sem parecer algo cheio confuso, o cineasta consegue mesclar todos os gêneros presentes no seu filme e articular muito bem a narrativa, não deixando o filme monótono e desordenado. A narração dos sentimentos e pensamentos dos personagens são transmitidos pelo Som Direto, trazendo o sentimento que são sentido por aqueles. personagens. Algo que faz o espectador pensar qual será as próximas decisões tomadas pelos personagens, a narrativa nos dá essa certa pista de qual será os seus próximos atos. 

A menssagem passada pelo filme é simples, e objetiva, o pecado não compensa. Podemos pensar que não seremos pego por falta de provas, mas não. Malle traz algo muito usado nas tramas dos filmes da Nouvelle Vague, a loucura por amor, um amor melancólico e doente. Neste contexto, dois amantes que planejam que matar um homem será a escapatória para o amor, mas que por ironia do destino são incriminandos. O diretor nos mostra, que onde o pecado está, não a luz nem final feliz. 









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