Crítica | Casablanca
Casablanca, de Michael Curtiz foi uma quebra da boa e velha narrativa clássica Hollywoodiana, em que duas pessoas vivem felizes para sempre. Sabemos que na realidade não é assim, em Casablanca também não é. Curtiz, criou dois caminhos românticos à serem seguidos após Casablanca. Caminhos que usamos no cinema até os dias de hoje.
Everybody Comes tô Rick's, uma peça comprada sem produção pela Warner Brothers por um valor de $20.000. Foi adaptado para o cinema como Casablanca, dirigido por Michael Curtiz, estrelado por Humphrey Bogard e Ingrid Bergman em 1942.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Rick Blaine (Humphrey Bogard), é dono de um café (bar) em Casablanca no Marrocos. Que abriga refugiados que fogem das mãos impiedosas do nazismo. Victor Laszlo (Paul Henreid), é um homem que fugiu de um campo de concentração nazista, e vai até o bar de Rick para pedir ajuda com sua esposa llsa Lund (Ingrid Bergman), ex-amante de Rick. Rick, fica em dúvida se age com a razão, ou com o passado de seus sentimentos.
Indicado a oito categorias no Oscar de 1944, Casablanca de Michael Curtiz foi vencedor em três categorias, entre elas o melhor filme. Casablanca é um filme presente nas listas dos maiores de todos os tempos. Uma quebra de padrões narrativos para filmes de sua época. Casablanca é um marco no cinema, uma quebra de valores sentimentais Hollywoodianas do cinema clássico.
Uma alternância que poderia ser um choque para o espectador, que sempre estavam à espera de um final feliz. Como de costume o cinema da época passava por uma mesmísse, os mesmos recursos para desfechos narrativos eram utilizados em quase todos os filmes. Um recurso que se tornou repetitivo, e até padronizado. O motivo de Casablanca ser tão aclamado e lembrado até os dias de hoje. Pois o cinema saia de um mesmo caminho sempre seguido, para um caminho realista e ousado, totalmente diferente do acostumado.
Casablanca, de Michael Curtiz, utiliza elementos do cinema noir. Um cinema de crime e suspense em Hollywood, a luz contrasta com os personagens criando uma camada dramática no rosto dos personagens. Criando um certo passado misterioso e sombrio causado pela guerra ou por mágoas passadas. Não vejo Casablanca como um filme de crime, mas sim de drama. Talvez um dos primeiros dramas que casou com o realismo da vida real. Um romance que toma caminhos diferentes, uma quebra dramática da narrativa romântica proposta nos clássicos Hollywoodianos. Casando com a lógica realística, e propondo uma perspectiva ímpar para ambos dos lados.
A inovação em Casablanca não está em quesitos técnicos. Mas sim a trama para sua época, foi um choque de realidade. Uma realidade totalmente culpada pela Segunda Guerra, mostrando que as cicatrizes de uma Guerra não estão apenas em um indivíduo, mas sim em relações familiares, ou como no caso de Casablanca, relações amorosas.
Um filme em plena Segunda Guerra Mundial, reforça muito mais essa proposta e o realismo que o mundo sofria nessa época com o nazismo. A ansiedade e a necessidade de vender e penhorar pertences, é algo mostrado em muitas cenas em Casablanca. Atos desesperadores de pessoas que procuram por uma vida melhor e mais confortável fora de Casablanca e longe do nazismo. Rick , utiliza o seu estabelecimento para reconstruir vidas acabadas por causa de uma ditadura impiedosa, servindo até como um "super-herói", para os refugiados.
A diferença, que Casablanca trouxe para os dramas romance da época é algo gritante. O desfecho que Casablanca tem é algo totalmente diferente aos filmes de romance de Hollywood da época. Hollywood fazia romances de um jeito, Michael Curtiz veio com Casablanca, e trouxe uma percectiva e dúvida sentimental totalmente diferente e incógnitiva, um novo mundo para o espectador. Em que ficamos em dúvida se nossos sentimentos podem ajir a favor ou contra a nossa razão.
Servindo como um filme, que nos faz refletir sobre dúvidas de nossos sentimentos e passados traumáticos. Nos colocamos no lugar de Rick, Casablanca traz o sofrimento que o mundo estava vivendo durante a Segunda Guerra, um amor que foi apagado por ódio de homens, que foi a Segunda Guerra. Um amor que por ironia do destino, o tempo juntou novamente mais por um breve e curto momento, um momento que serviu como teste para os sentimentos, a superação do passado e para o caráter de Rick.
As coincidências que envolve os personagens não chega ser algo clichê ou mau elaborado. Pois o mundo em que vivemos, não parte apenas no lugar em que estamos, o mundo é extenso, e por maioria das vezes nos esbarramos com pessoas, pessoas que conhecemos ou pessoas que não conhecemos. O diretor propõe essa coincidência como um teste para Rick, um teste que envolveria se a sua personalidade de "herói", para os refugiados era válida ou não. Testando seus traumas relacionados, à um relacionamento acabado por mentiras e pelo avorousso da Segunda Guerra Mundial, ou seja, as coincidências, ou ironia do destino que Curtiz desenvolve na narrativa de Casablanca, é um meio de teste que envolve a razão ou a emoção do personagem.
Casablanca não é apenas um filme sobre um romance impossível. Mais sim sobre as consequências que a Segunda Guerra Mundial trouxe para a sociedade, o filme mostra, que por maioria das vezes devemos abrir mão de nossos sentimentos para seguir nossas vidas. Uma dificuldade que podemos culpar a Guerra, mais que também podemos culpar o destino de nossas vidas.
Casablanca (Idem, EUA – 1942)
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch (baseado em peça de Murray Burnett e Joan Alison)
Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S.Z. Sakall, Madeleine Lebeau, Dooley Wilson, Joy Page
Duração: 102 min.
Por: Felipe Porpino
Comentários
Postar um comentário