Crítica | Encurralado (Duel)
O medo, é algo que sentimos. Mas, nada se iguala ao medo daquilo que não vemos. Spielberg, utiliza desse "defeito humano", como um ponto principal no filme.
Ao embarcar em uma viagem pelas estradas desertas da Califórnia, o motorista David Mann (Dennis Weaver), é perseguido por um caminhoneiro misterioso, que o persegue sem motivo algum. David, se encontra encurralado nas estradas da Califórnia.
E interessante, como Spielberg nos manipula em seus filmes. Tubarão (Jaws), é um filme que bebe de conceitos estilisticos de Encurralado (Duel), o cineasta brinca e usa o nosso psicológico, pois se tem algo que o ser humano tem mais medo, é daquilo que não vemos e não sabemos o que é, mas sabemos que é perigoso.
Encurralado de Spielberg, nos mostra que a limitação de elementos visuais, não é um problema. O diretor mostra mais uma vez a velha frase, "quem sabe fazer, sabe". Servindo como uma certa lição para quem sempre está colocando desculpas, ou defeitos para não realizar seu filme como pensa, pela a escassez de recursos cinematográficos.
Eu particularmente, gosto muito dos Thrillers do diretor, o uso de recursos minimalistas, não tira o mérito do longa ser um ótimo filme, e não acaba deixa o filme com um aspecto cru ou inacabado. As cenas são basicamentes decupadas nas estradas e dentro dos automóveis dos personagens, o cinema minimalista, tem como base o mínimo de recursos ou cenários alternados nas cenas. Spielberg, utiliza o nosso psicológico como recurso autoral em suas obras, é como se o diretor usasse a fraqueza de nossa mente, para nos impactar e diferenciar o seu conteúdo proposto.
Quando assistimos ao filme fazemos a seguinte pergunta em nossa mente, e se tudo isso acontecesse comigo, como reagiria? É isso que pensamos o filme inteiro. O longa de Spielberg, serve até como um certo alerta nas estradas, um lugar que infelizmente é o causador de muitas mortes e acidentes no ano. Mas, David agiu da forma certa do começo ao fim.
Spielberg, consegue fazer um filme de alerta e suspense ao mesmo tempo. O alerta está nas estradas, curvas fechadas e placas avisando a velocidade adequada. E o suspense está completamente no caminhoneiro ou no próprio caminhão, é como se o diretor criticasse o perigo que há nas estradas, com curvas fechadas e perigosas, uma vítima afoita e desesperada, enquanto o agente do caos é apagado no parabrisa de um velho caminhão. mostrando o tormento que a vítima está sofrendo, e a frieza de um vilão que não sabemos quem é, e que questionamos de sua sanidade mental a todo momento. Mas, o diretor inverte os papéis, David se torna o coadjuvante, e o caminhoneiro se torna o personagem principal. O caminhao cria um certo ar de entidade maligna. É como um filme slasher de terror, em que o vilão quer matar a vítima custe o que custar.
Cujo (1983), de Lewis Teague, é uma obra que consigo ver uma pequena semelhança de como o diretor utiliza os elementos do terror e suspence em seu filme. Adaptado do livro de Stephen King, um mecânico é dono de um cachorro chamado Cujo, que contrai raiva após ser mordido por morcegos. Donna Trenton (Dee Wallace) e seu filho Tad (Danny Pintauro), passam dias e noites terríveis com um cachorro assasino que está esperando uma brecha para fazer sua nova vítima. Podemos pensar que Lewis Teague, utiliza o filme de Spielberg para mexer com o psicológico do espectador, e para impactar o elemento do suspense em cenas que o caminhão assasino está esperando David no fim da estrada, momentos que pensamos que o personagem está livre de tal situação, mas não.
Encurralado é uma quebra de espectativas, e que em momentos pensamos que o personagem está salvo e poderá percorrer sua rota desejada, mas tudo isso que pensarmos é apenas uma inocência do perigo criado por nossa mente. Spielberg, utiliza essa inocência de nosso psicológico, para fazer algo autoral para sua carreira como diretor. E sim, o filme é um filme de recursos básicos e minimalistas, o cineasta nos mostra que mesmo com poucos recursos, um bom filme fica a critério do diretor.
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