Crítica | Greystoke: A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva (Greystoke The Legend of The Tarzan, Lord of The Apes)
"científicos". A falta de compreensão da sociedade perante a pureza da natureza, pode acarretar na extinção. Greystoke é um filme sobre a crueldade humana e o drama de um herdeiro, mostrando seus conflitos e relacionamentos em uma sociedade "correta".
Após um desastre marítimo no século XIX, Lord Charles (James Fox) e sua esposa Alice Clayton (Cheryl Campbell), acabam ficando perdidos nas regiões selvagens das selva na África. Alice está gestante de seu primogênito Jhon Clayton (Christopher Lambert), mas pela escassez da vida selvagem nas selvas da africa, Alice acaba tendo malária e morre. Deixando Charles sozinho em uma imensidão de macacos e animais selvagens. O filho do casal cresce e se adapta, se tornando um homem macaco. Mais tarde Jhon Clayton (Tarzan) e encontrado por um líder de um musel científico de animais o Capitão Phillippe D'Arnot (Ian Holm). Trazendo-o para sua "casa". Greystoke: A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva. Diz muito sobre o que seria a nossa real pessoa, ou apenas somos o que somos impostos pela sociedade.
A ambientação e o realista Tarzan despido, e se comportando como macacos tanto em seus comportamentos quanto em suas ações, é posta e mostrada no filme de Hugh Hudson. O ser humano pode se adaptar a qualquer coisa, um ser humano que nasceu e cresceu perante a vida e o reino animal, naturalmente ele falará para sempre como um animal. Mas todo esse realismo imposto se parte em pedaços quando em pouco tempo, Tarzan aprende a falar e se comportar como um homem civilizado. A adaptação perante a civilização e conquistada em pouco tempo desde sua saída da selva. Quebrando o realismo científico e lógico do filme.
Os conflitos e a vida selvagem de Tarzan, é algo hierárquico. Um ponto interessante pois o mundo em que Tarzan vive, é algo hierárquico uma disputa para quem é o mais forte sempre. A força bruta é animalesca de Tarzan conquista o topo da hierarquia animal, fazendo-o se tornar o rei da selva, ou o rei dos macacos.
Hugh Hudson escolhe planos abertos para relatar a civilização, e para relatar a vida selvagem e animal o diretor usa planos fechados, ou mais "apertados" pois se trata de um lugar úmido quente e longe de civilização. E isso cria uma sensação de isolamento da sociedade perante a natureza. Enquanto a vida civilizada e mostrada com planos abertos, mostrando todo o luxo e fartura que há no "mundo real".
O diretor Hugh Hudson utiliza o som para criar uma sensação imersiva ao espectador, com sons e ruídos de moscas e insetos, como meio de demonstração da temperatura abafada e sem privilégios daquela região na África. É totalmente realista e imersa ao espectador. Causando uma sensação de que estamos vivendo naquelas regiões selvagens, nos trazendo até uma sensação de calor e suor inclusive.
Mesmo que, Greystoke A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva, seja baseada do livro Tarzan, O Filho das Selvas do escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs, o empacto que Tarzan traz para os cinemas é muito mais imersivo e empático. Em Greystoke vimos um homem nascido e criado por macacos, e que em pouco tempo sua vida é mudada drasticamente pela sociedade que implora pelos direitos científicos, causando o desmatamento e a extinção animal. O filme de Hugh Hudson mostra como o ser humano é tão cruel e imparcial com a natureza. Trazendo o valor da vida completamente para a ciência, enquanto o mundo vai perdendo sua cor e sua vida.
Greystoke de Hugh Hudson não traz um impacto marcante para o cinema. Mas para a natureza e a ciência sim. Pois se olharmos e interpretarmos o filme de uma maneira implícita, o drama e o desmatamento da natureza e dos animais dos homens, jogando a culpa na ciência.
A mente doentia e ambiciosa dos homens e algo que deve ser estudado, invés de estudarem animais ou os empalharem, a sociedade é a humanidade está doente. Doente por mais reconhecimento, mais fama, e mais dinheiro. Em Greystoke, a mente ambiciosa e invejosa e a do capitão Billings (Richard Griffiths), que quando soube que Jhon Clayton (Tarzan) estava retornando para "casa", a primeira coisa que pensou foi em estudá-lo, com intuito ambicioso de estudar como seria a mente de um homem que cresceu entre o reino animal.
A palavra "vida real" ou "mundo real" é muito ambígua. Pois se falarmos para um índio para ele voltar para a civilização, ou para a vida real, ele não entenderá. Pois o ser humano é adaptável desde seu nascimento, então essa palavra vida real ou mundo real para algumas etnias ou povos, pode se tornar uma palavra vazia e sem sentido para o ouvinte. Chamamos o nosso mundo de mundo real pois estamos dentro de uma civilização desde que nascemos, ou seja, é tudo questão de adaptação.
Um homem pode tomar decisões pessoais que não são suas por conta de uma mulher, é o que todos dizem podendo soar clichê. Mesmo sendo mostrado muito pouco o desenvolvimento do relacionamento de Jhon (Tarzan) e Jane Porter (Andie MacDowell), Tarzan não abre mão de onde cresceu e viveu por conta de uma mulher. Mostrando novamente que mesmo ele pertencendo a espécie humana, ele e diferente dos Humanos. O filme se torna um pouco monótono nos 50 minutos finais, e sem sentido em alguns acontecimentos, como morte em um carrinho de descer escadas, que pode se tornar algo cômico. Greystoke poderia manter o realismo e equilíbrio narrativo como no começo e meio do filme.
Greystoke – A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, Reino Unido/EUA – 1984)
Direção: Hugh Hudson
Roteiro: Robert Towne (como P.H. Vazak), Michael Austin (baseado em obra de Edgar Rice Burroughs)
Elenco: Christopher Lambert, Andie MacDowell, Ian Holm, Ralph Richardson, James Fox, Cheryl Campbell, Paul Geoffrey, Nicholas Farrell, Nigel Davenport, Ian Charleson, Eric Langlois, Danny Potts, Peter Elliott, Ailsa Berk, John Alexander, Christopher Beck
Duração: 135 min.
Por: Felipe Porpino
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