Crítica | Navio de Sangue (Blood Vessel)

Mesmo que, Navio de Sangue (Blood Vessel) trabalhe com linguagens cinematográficas realistas, todo esse realismo e aflição proposto por Moses Inwang é jogado ao leu. Com acontecimentos e decisões de personagens que fogem totalmente do que é proposto. Vilões sem motivações, motivados apenas por que são do "mau". Caindo do mais do mesmo e fugindo do que propõe logo no primeiro ato. Jogando o que talvez seria um bom filme no fundo do oceano. 


Seis pessoas de diferentes intenções e personalidades por ironia do destino vão parar em um misterioso navio clandestino. com intuito de fugir de seu país que após a descoberta de petróleo estava em degradação ambiental. Cada um tinha um motivo pessoal e próprio para estar no navio, mas são interditados por traficantes a bordo do navio. 


Sinto que Moses Inwang se perdeu em como levar o realismo a todo momento em seu filme, o modo de como os personagens decidem seus próximos passos e totalmente sem sentido com o contexto do filme. Na cena em que Abbey (David Ezekiel), serra um canal que fazia parte da ventilação, para sua namorada Oyin (Dibor Adaobi) fugir com ele, Soa irrealista. O contrário ao que o filme propõe. 


Isso não é uma paixão pelo verossímil. Mas toda obra propõe algo diferente, no caso Navio de Sangue de Inwang, propõe um tema delicado e cauteloso de ser feito, pessoas indo embora de seu país por causa do descobrimento de petróleo nas regiões, levando a fome e o desmatamento de vegetações e animais, ou seja, algo verossímil. Mais fugindo totalmente da verossímidade. 


Moses Inwang utiliza paleta de cores amareladas para mostrar o cotidiano africano, nos trazendo um ar quente e de sofrimento. E optando por fazer algo mais intimista para os personagens, utilizando a câmera na mão para mostrar algo mais realista e íntimo, ou para dar um aspecto documental para cada personagem, aproximando a câmera em seus rostos para dramatizar as cenas e para fazer algo empático. 


Sinto uma pequena desordem e uma falta de sentido nos acontecimentos. E como se o diretor soubesse que tudo está confuso e depois nos mostra o que na verdade aconteceu para nós deixar "aliviados", só que nada funciona. 


Navio de Sangue trás um assunto delicado e atual nos dias de hoje. Uma antiga cidade que vivia em harmonia com a natureza e com os seres vivos mais que perdeu toda essa magia por causa dos seres humanos. Mas todo esse assunto que poderia ter dado uma boa narrativa e talvez um bom filme, não foi bem aproveitado. 


A alusão aos negros sendo escravizados e jogados ao mar novamente, pode soar repetitivo e lacrador. E como se o diretor não tivesse mais recursos para comover o espectador ou dramatizar a narrativa usar em seu filme apelando para o racismo e escravidão. 


Navio de Sangue de Moses Inwang promete muito nos seus minutos iniciais, mais acaba caindo no mais do mesmo. Os primeiros 15 minutos são razoáveis, mais o meio e o fim deixou a parecer desesperador, em quesitos técnicos e lógicos até. Os atos e motivações dos personagens são até convincentes mais o modo como esses atos são executados e uma quebra de clima total. Os vilões caem no ódio gratuito, ou por que apenas são maus. Navio de Sangue começa com uma proposta e termina com outra totalmente desconexa e mau executada. 





Navio de Sangue (Blood Vessel) - Nigéria, 2023
Direção: Moses Inwang.
Elenco: David Ezekiel, Dibor Adaobi, Jidekene Achufu, Slyvestre Ekanem, Alex Budin, Obinna Okenwa, Bimbo Manuel, Levi Chikere, Katerina Ataman, Fares Boulos, Alexis Ebi, Pere Egbi, Alexa Iniye, Tigran Letov, René Mena, Ebele Okaro-Onyio. 
Duração :118 min. 


Por: Felipe Porpino 










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