Crítica | Operação França (The French Connection)

A paranoia as vezes pode ser a dona da razão de nossas mentes. Tendo o poder de refutar pessoas que não acreditam em nosso verdadeiro potencial. Este tópico é presente em Operação França de Friedkin, o diretor utiliza cenas engraçadas e duvidosas para nos passar este sentimento, e a ação e perseguição para mostrar o dinamismo e "loucura" dos personagens. 


William Friedkin, foi para o psiquiatra após ganhar de Stanley Kubrick na premiação do Oscar de 1972. O diretor levou o Oscar de melhor diretor em seu filme Operação França (The French Connection), indicado a oito categorias na noite da premiação. Em 1971 Stanley Kubrick dirigiu Laranja Mecânica (A Clockwork Orange). O polêmico e "nojento" Laranja Mecânica de Kubrick acabou sendo motivo de rejeição por jurados da premiação, e foi injustamente ignorado por motivos "éticos", sendo indicado a 4 categorias entre elas: Melhor filme, melhor diretor, melhor montagem e melhor roteiro adaptado de outro meio. É engraçado, Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) foi um filme muito indicado em premiaçoes, categorias como: Golden Globes 1972, BAFTA Alwards 1972 e principal, O Oscar de 1972. Não significa que o filme de Kubrick não ter ganho nenhum prêmio ele seja um filme ruim inferior aos demais. Laranja Mecânica de Kubrick é uma de suas obras-primas de sua carreira. Friedkin tinha consciência da genialidade e do grande diretor que Stanley Kubrick era. Tinha consciência que Laranja Mecânica era um bom filme, ou até melhor que o seu. O prêmio de melhor diretor de 1972 poderia ter pesado na consciência de Friedkin.


Mas não há argumentos. Operação França de Friedkin é um bom drama policial. E um filme de crime e suspense que respeitamos, por elementos técnicos e decupatorios. Operação França conta a história de dois policiais de Nova York liderado pelo ansioso e atrapalhado Jimmy Doyle (Gene Hackman), ou mais conhecido pelo seu apelido no meio policial, Popeye. E seu parceiro Buddy Russo (Roy Scheider). Começam uma investigação ao estranho Sal Boca (Tony Lo Banco), que está sendo suspeito de tráfico de drogas. Mas o chefe desse esquema de tráfico é um francês mafioso chamado Alain Charnier (Fernando Rey). Doyle é Russo começam uma perseguição épica e engraçada pelas ruas de Nova York.


Considero Operação França como um filme realista em sua fotografia e no mise-èn-scene. Friedkin usa câmeras na mão para mostrar perseguições aos mafiosos nos fazendo sentir como se fosse o espectador que está atrás dos criminosos. Cenários e ambientes escuros para nós mostrar sujeira e seriedade ou realismo para o filme. E uma pequena dose de comédia, para quebrar o clima sério do filme que está em um dos policiais, Doyle consegue passar essa ideia de um homem paranoico e engraçado em seu trabalho, suas perseguições aos envolvidos no crime são muito engraçadas e desesperadoras, fazendo as roubar um carro de um cidadão para tentar pegar os criminosos. Oscar totalmente merecido para Gene Hackman pois a entrega do ator ao personagem é extramamente visível. Eu particularmente quando assisti Operação França pensei em minha mente, em que com certeza Gene Hackman venceu algum Oscar na premiação de 1972. Popeye está sempre tentando se redimir em seu trabalho, tentando se provar para seus colegas de trabalho que ele é um bom policial. A ambientação de uma Nova York no auge de sua sujeira ambiental e criminosa, e posta como mise-èn-scene em Operação França. Ruas esfumaçadas, dinâmicas e sujas nos traz esse ar de possíveis tráficos de muambas ou esquemas criminosos. Associamos sujeira com coisas banais, então quando vimos as ruas e a ambientação da Nova York de Operação França associamos no caso com o tráfico de drogas. 


A comparação entre Operação França e Laranja Mecânica é algo de gêneros, arquétipos e propósitos temáticos diferentes. Laranja Mecânica de Kubrick aborda como temática principal a mente humana, e se tal mente tão perversa e perturbada consegue dar a volta por cima, e alcançar a redenção. Kubrick não acredita em mudança ou redenção alguma na humanidade. Vimos isso em sua filmografia que como temática principal é a mentalidade ou psique humana, e que o diretor destrói completamente a fé que muitas pessoas têm na redenção na humanidade. Operação França de Friedkin aborda o crime e o tráfico de drogas na cidade de Nova York. Tema muito importante e delicado, para uma época que o tráfico de drogas estava em peso, não só em Nova York, mas no mundo todo. Operação França consigo ver muita similaridade com Serpico lançado e 1973 do diretor Sidney Lumet, no modo em que objetos do cenário como lugares na delegacia, nas ruas, em bares ou casas são enquadrados e mostrados. Serpico talvez conta com uma paleta de cores mais limpa sem muito uso de cores para a fotografia. Já Operação França de Friedkin usa tons em azul para mostrar o frio e a aflição que  Nova York estava passando com ondas de crimes e tráficos nos anos 70'.


O desfecho pode se parecer algo incompleto, podemos pensar que seria um defeito do filme, não penso assim. Imagine comigo, qual sentido teria se mostrasse o final de cada um integrante? Cortaria o clímax do filme. Friedkin nos coloca pra imaginar e refletir por meio da montagem final do filme. Operação França de Friedkin é uma obra-prima. A montagem e fotografia do filme são inspiradores até hoje para gêneros parecidos. Devemos deixar de lado comparações ou ideias que Laranja Mecânica foi injustiçado na noite da premiação. Se um filme, é um bom filme ele continua sendo bom para todo sempre. Não é e nunca será nenhuma premiação ou salva de palmas que vai fazer um pior que o outro. Não penso assim, é não devemos pensar assim, um bom filme é um bom filme. 







Operação França (The French Connection) – EUA, 1971
Direção: William Friedkin
Roteiro: Ernest Tidyman (baseado na obra de Robin Moore)
Elenco: Gene Hackman, Fernando Rey, Roy Scheider, Tony Lo Bianco, Marcel Bozzuffi, Frédéric de Pasquale, Bill Hickman, Harold Gary, Ann Rebbot, Arlene Farber
Duração: 104 minutos.

Por: Felipe Porpino 



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