Crítica | A Primeira Noite De Um Homem (The Graduate)
Mike Nicholson, faz um erotismo burlesco. E que nos mínimos detalhes de sua mise-èn-scene, se realsa ainda mais. Em outras palavras, para um jovem tudo isso se torna um perigo.
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Antes de tudo, A Primeira Noite De Um Homem (The Graduate), é uma grande sátira sobre jovens que são atraídos por pessoas mais velhas, e o quanto isso pode ser prejudicial para o futuro do indivíduo. Ben, é um rapaz que sempre está se questionando de como que será o seu futuro, por meio de seus atos, o futuro questionado por Ben é revirado de cabeça para baixo. A alusão ao erotismo é uma linguagem que também é reforçada pelo modo de como o cineasta Mike Nicholson, usa a iluminação à favor de tudo isso. A luz que resulta, é uma sombra que remete a algo sexual e erótico. O protagonista se mostra à todo momento estar em volto à um par de pernas feminino, como se aquilo prendesse o jovem no ambiente em que está, e seu futuro fosse totalmente comprometido por causa de "pernas".
The Graduate, um romance escrito por Charles Webb publicado em 1963. A certas histórias que dizem que são relatos que realmente aconteceram.
Por mais que o filme de Mike Nichols foi indicado ao Oscar de melhor filme, não consigo vê-lo como o melhor filme de 1967. Isto não quer dizer que seja um filme ruim, o cineasta conseguiu criar uma paródia jovial com muita maestria e prudência. O que poderia cair como piada em uma premiação como o Oscar, foi indicado à melhor filme. E mesmo que não tenha levado o prêmio, é um grande filme.
Toda está menção relacionada ao erótico. É repassada pela fotografia do filme. O diretor não dosa a quantidade de referências que contém nas sombras e nos enquadramentos. É como o protagonista vivesse dentro de um aquário de peixes e preso à um par de pernas. Todo este pensamento é passado de um modo muito interpretativo, uma interpretação cômica e sexual.
A liberdade e a espontaneidade, são duas coisas muito presentes no filme. A premissa narrativa, não soa apenas livre e espontânea para a história do filme em si. O modo como a câmera caminha cria um aspecto burlesco para a narrativa, trazendo a dinâmica que o personagem irá seguir mais adiante. É uma quebra de ritmo tudo isso, no começo da história, Ben se mostra ser alguém introspectivo e parado no tempo, e após seus primeiros atos sexuais vemos o personagem correndo atrás de seus prejuízos.
A decupagem, remete à um sentimento de aprisionamento. Um aprisionamento sexual e aprisionamento físico. O cineasta pressiona o protagonista a todo momento, desde o seu voo rumo a casa de seus pais. Que também é algo que dificulta os planos futuros de Ben, seus pais também o pressionam e fazem de seus desejos, o futuro de seu filho.
Um sentimento egoísta e conservador podemos dizer, algo ainda que permeia a sociedade que vivemos. Um mundo que os pais fazem de suas frustrações passadas, os planos futuros de seus filhos, isto é algo negativo e positivo se classificarmos por partes. Pois devemos ser liberais quando se trata sobre o futuro de nossas próximas gerações.
Ver um filme de comédia indicado ao Oscar, é uma coisa rara de acontecer. E quando acontece, se deparamos com um grande filme, é o caso de A Primeira Noite de Um Homem. O cineasta consegue articular muito bem um assunto que seria bobo para o cinema. Mike Nichols une o cômico e o mise-èn-scene para tornar algo que seria monótono em algo que seria relembrado anos mais tarde para o cinema. Fazendo uma sátira erótica de algo comum em nossa sociedade, especulam que o livro de Charles Webb se trata de um assunto que realmente aconteceu, ou seja, algo realista e bem provável no mundo que vivemos, e que é levado para ser mostrado e explícito para o mundo por meio do cinema.
É isso que é predominante retratado no filme de Nichols. Além de ser um arremedo a sociedade juvenil, é uma grande menssagem de que nossos atos tomados pela força de nossa carne, é algo totalmente nocivo para as nossas próximas relações e para o nosso futuro. Por mais que o protagonista se mostre forte diante as tentações sexuais, acabamos caindo. Mais uma vez, denovo e denovo. Tornando um ciclo em nossas vidas, um ciclo de falhas e erros tomados em nossa juventude, que pode acarretar em problemas futuros. O filme pode parece não passar uma mensagem significativa para o mundo, mas é transmitida de forma sutil e com muita suavidade e sagacidade destrinchamos para fora do cinema.
A Primeira Noite de um Homem (The Graduate) — EUA, 1967
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Calder Willingham e Buck Henry
Elenco: Dustin Hoffman, Anne Bancroft, Katherine Ross, William Daniels, Murray Hamilton, Elizabeth Wilson, Buck Henry
Duração: 106 min.
Por: Felipe Porpino
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