Crítica | Umberto D.

Podemos encontrar refúgio para nossa felicidade, em coisas simples e cotidianas. 
                                       
Umberto D. desmascara "amizades", e faz uma crítica ao homem. Há momentos que podemos refletir que estamos cercados em um ambiente amigável e seguro, mas não. Em momentos angustiantes descobrimos quem são nossos amigos.

O cão, é um animal que sempre está conosco independente de nossa situação. Sempre dizemos, que o cachorro é o melhor amigo do homem. Umberto D. (1952), retranse este pensamento que temos, para o cinema neo-realista. Em momentos difíceis que precisamos de ajuda, pessoas que pensamos que somos próximas a nós, se afastam. O que resta são sentimentos verdadeiros, o cão é o amigo mais fiel e verdadeiro diante às dificuldades. 

A Itália está passando por uma grande crise salarial, protestos estão sendo realizados nas ruas da cidade, e entre as multidões que clamam por um aumento na aposentadoria, está Umberto Domenico Ferrari (Carlos Battisti), um solitário senhor que partilha de seus momentos com seu pequeno cãozinho chamado Flick, Umberto, está prestes à ser despejado de seu apartamento. Dirigido por Victtorio De Sica, Umberto D. (1952), nos mostra uma solidão compartilhada com melhor amigo do homem.

O Neo-Realismo Italiano, tem como princípio conceitual de seu movimento, o sofrimento pós-guerra. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o cinema italiano sentiu-se finalmente livre para mostrar as fissuras causadas pela guerra, crises financeiras e trabalhistas, monumentos e casas destruídas por mãos humanas, ou seja, por mais que o fim da guerra fosse um suspiro de alívio, ainda havia o seus colaterais. As fraturas deixadas pela guerra, açoitavam toda à Itália, um sofrimento aflitivo transpassado na maioria dos filmes do movimento cinematográfico. 

Por meio de seus diálogos, o filme nos passa uma menssagem que podemos levar para nossas vidas, que não podemos esperar ajuda de pessoas que dizem que ser nossos amigos. Mesmo com uma depressão pós-guerra, a falta de empatia ainda prevalece em meio à uma sociedade carente de ações governamentais. Mas, mesmo com todas essas adversidades, o ser humano não consegue enxergar a dificuldade que o próximo está passando, ou seja, a falta de compressão das pessoas era um problema sério, deixando quem realmente precisa, de lado. 

Sentimentos uma imersão isoladora quando assistimos ao filme. É como se fizessemos parte de algo que está envolvendo a vida de Umberto, por mais que o mundo em que o filme apresenta sofra uma escassez da empatia humana, ainda sim sentimos lástima e piedade do personagem. 

O cineasta faz com que Umberto carregue toda carga dramática que a Itália estava sofrendo, trazendo um sentimento de esquecimento e abandono vindo de outras pessoas. Victtorio De Sica, escolhe por fazer algo íntimo e pessoal para o protagonista, justamente para dramatizar o filme. Cada diálogo carrega uma comoção muito dramática e pessoal, tirando o problema dos demais, e trazendo o problema central em uma só vida.

As cenas decupadas no apartamento de Umberto, e no hospital que está abrigado, traz uma atmosfera imferma para a trama, ou uma vida vivida sem soluções. A montagem nos dá esse indício sentimental que o próximo sente, é como se no momento que Umberto pedisse ajuda para alguém, vimos em sequência a feição da pessoa em ouvir o pedido de socorro, ou seja, por mais que o pesonagem se "humilhe" aos pés de "amigos", a humilhação se torna desnecessária e falha. 

A simplicidade é algo encantadora, por mais que o filme proponha uma trama e uma narrativa muito modéstia, é uma franqueza muito bela de se ver no cinema. No filme encontramos um equilíbrio sentimental não no homem, mais em um pequeno cachorro. O cineasta tira toda a beleza humana e traz o real sentimento verdadeiro e puro no melhor amigo do homem. Umberto D. traz uma descrença humana, e como se o mundo vivesse com um temor profundo do próximo, um receio que talvez possa ser culpa da guerra, mais também poderia ser humana. 

Com essa premissa melancólica e triste do filme, sinto uma pequena verossimilhança com The Kid (1921) de Charlie Chaplin, em que dois personagens passam por uma injustiça social em uma sociedade que priva à felicidade dos cidadãos, e que em troca de uma criança, Umberto compartilha seus momentos com seu cachorro Flick. Ambos dos filmes nos passa essa menssagem através do sofrimento que os personagens passam. 

Mas mesmo com todas as dificuldades sofridas por Umberto, o desfecho final do filme mostra bem o que pode ser um momento feliz, o que por muitas pessoas pode ser resumido por luxúria e coisas materiais, à felicidade está nas coisas mais simples da vida, como passear pela cidade, ou brincar com o nosso cachorro, ou seja, não podemos romamtizar e resumir a felicidade em sumptuosidades, pois podemos encontrá-la em nosso lado. 




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