Crítica | Wonka


Um aprisionamento criativo, de um talentoso jovem chocolateiro. 
                                       
Provavelmente, um dos maiores receios e temores de quem é fascinado pelo imaginário lúdico que os filmes do chocolateiro Willy Wonka transpassa, era que Wonka (2023), dirigido por Paul King, fosse uma persistência nostálgica de uma narrativa já apresentada anteriormente, ou seja, a mesma história se repetindo mais uma vez. Mas, não é o caso do filme. Wonka, consegue deixar o espectador de um sorriso canto a canto do começo ao fim, as referências não quebram os aspectos inovadores do longa, elementos que são usados intencionalmente para causar aquele sentimento nostálgico em quem cresceu envolto à toda magia e fantasia dos filmes dirigidos por, Mel Stuart e o remake de Tim Burton. 

No filme, A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971), o cineasta Mel Stuart, escolhe comover o espectador por meio do Idealismo social em uma sociedade egoísta. E que um garoto pertencente ao Naturalismo social, dramatiza todo o enredo narrativo. Já em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), de Tim Burton, ecoa todos os mesmos acontecimentos do primeiro longa, só que com uma metodologia mais contemporânea e sombria. Por mais que, os filmes sobre o confeiteiro redize aspectos já representados com sutileza tudo aquilo já criado anteriormente. Wonka, de Paul King, não é tentado à fazer um filme que seja maior ou melhor que os anteriores, talvez sua intenção nem seja essa. Mas sim a vontade de apresentar algo mágico e cronologico para o personagem. 


Willy Wonka (Thimotée Chalamet), é um talentoso jovem chocolateiro, que motivado por sua mãe, é apaixonado por chocolate. O seu maior sonho é inaugurar uma loja de seus fantásticos e incríveis doces. Mas, Arthur Slugworth (Paterson Joseph), um confeiteiro mestre na arte do suborno, está motivado à acabar com a carreira do talentoso jovem Willy Wonka. 


A primeiro sentimento que Wonka me trouxe, foi um mergulho imersivo de volta à minha infância. Quando somos crianças e vimos à um filme repleto de encanto e fantasia, somos deixados à ser levados por aquilo, isto é que todos os efeitos especiais deslumbrantes no filme, faz com que o espectador se envolva cada vez mais com lembranças de nossa infância. A predileção por efeitos especiais "exagerados", é um método de linguagem válido e muito bem utilizado para aquilo que o filme quer nos passar, se diferenciando dos filmes anteriores. Wonka, se distingue por isso, em nenhum momento o filme mostra ser um A Fantástica Fábrica de Chocolate 2, e sim procura brechas opcionais para criar algo totalmente novo e mágico relacionado ao personagem. As referências funcionam como um arquétipo nostálgico apenas para trazer elementos sutis dos filmes anteriores, como a cartola do personagem e seu sobretudo.

Em um mundo lúdico e fantástico, as cenas são realizadas com uma maestria muito limpa podemos dizer. Para os amantes do verossímil, Wonka pode se parecer um filme muito sobejo em elementos especiais, isto é que, devemos analisar e se deixar levar por aquilo que o filme é, deixar nossas opiniões pessoais à respeito do cinema de lado, e apenas imergir ao filme por aquilo que ele é. Por isso que Wonka, pode ser um divisor de críticas e opiniões a respeito pelo uso demasiado de efeitos especiais, mas tudo isso, faz parte do real proposto do filme.


Em sua decupagem, o filme traz um sentimento de aprisionamento criativo do personagem. Como se todos os atos estivessem conspirando para à destruição profissional do chocolateiro, podemos dizer que pelo excesso de talento que Willy carrega, o confeiteiro também carrega uma carga considerável de azar. Mas, por mais que este sentimento presente na decupagem seja presente semioticamente, tudo serve como um aprendizado profissional para o jovem, altos e baixos que são o caminho para o sucesso.


Todos os elementos, são trabalhados em conjunto. Desde a fotografia quente e gélida em alguns momentos, até o voo com balões coloridos, ou seja, toda a magia que está em Wonka, não se separa por categorias diferentes, e sim são levadas em uma única unidade. 


O uso de um Willy Wonka jovem no começo de seus projetos, nos dá indícios de muito mais filmes do personagem mais pra frente. É bem provável de que seja a intenção de Paul King, em fazer uma série de filmes do confeiteiro. Que seria uma ótima ideia se pensarmos no modo de como o personagem seria explorado, o cineasta teria a liberdade criativa de criar uma história totalmente inovadora do chocolateiro, trassando um caminho totalmente novo para Willy Wonka nos cinemas. 

Em última análise, a utilização de um Willy Wonka mais jovem serviu muito bem para a construção atual e futura do personagem. No filme, o que predomina é uma certa barreira para a criatividade do personagem, que é ótimo pois serve como identificação pessoal para o mundo que vivemos, onde nem tudo sai nos conformes planejados. É como um equilíbrio entre o realismo sutil e o mundo fantástico que o filme está, pois não fica apenas na pura fantasia. Trazendo o mundo absorto fantástico de Willy Wonka, com toques sutis de identificação pessoal para o mundo real.






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