Crítica | Manhattan


Woody Allen, desmorona à bela Nova York e molda uma cidade de pessoas cômicas e malucas. Uma "continuação" invisível do intelectual introspectivo mais engraçado do cinema. 

Manhattan (1979), evidência à intensidade da paixão de Woody Allen pelo cinema e seu fanatismo por seus ídolos. O cineasta, utiliza do humor e o drama como recurso linguístico para realçar à sua devoção pela sétima arte. Algo explícitamente visível em sua filmografia, principalmente em sua obra-prima vencedora de quatro Oscars no ano de 1978, Annie Hall (1977). E aqui temos um longa que podemos dizer que seja à "continuação" de Annie Hall (1977). Woody Allen, praticamente criou uma persona introspectiva e paranoica como recurso para sua metodologia cinematográfica. Gosto muito da autoconcientizaçao nas obras de Allen, o diretor utiliza dessa autoridade linguística como um espelho para mostrar o seu lugar de fala e sua vontade de "gritar pro mundo". Cada diálogo, se torna um meio de expressão de ideias e predileção pessoais do cineasta. No longa, vimos à mesma imagem, cult e neurótica, mas que são distantes por partilharem de nomes diferentes. Em suma, dois anos após à sua chuva de premiaçoes com Annie Hall (1977), Woody Allen, traria novamente o introspectivo intelectual mais engraçado do cinema.


Isaac Davis (Woody Allen), tem uma visão romantizada e filosófica de Nova York (Manhattan), sua cidade natal. Isaac, conhece uma moça chamada Tracy ( Mariel Hemingway), uma jovem menor de idade. Tracy, parece amá-lo intensamente, mas motivado pela idade de Tracy, Isaac acaba terminando o relacionamento. Após o término de seu amigo, Yale (Michael Murphy) com sua amante Mary Wilkie (Diane Keaton), Isaac pretende se relacionar com Mary. Enquanto isso, Tracy prepara à suas malas para Londres.


Para um filme de 1979, o longa é filmado em preto e branco. Sinto que isso seja útil para relacionar à cômica psique do protagonista. Em tempos modernos, Isaac parece ter uma visão turva e saudosista da sociedade. Levando isso em conta, o preto e branco realça à visão arcaica de mundo do personagem de um modo quase imperceptível. Acho interessante o modo que, Woody Allen articula e exalta o humor de seu cinema para o público. Manhattan (1979), é um tipo de filme que tira um sorriso à todo momento, talvez pela naturalidade e espontânedade de seus atos e pensamentos, nos identificamos com tal personalidade ao ponto de achá-lo verossímil e igualitário com o mundo em que vivemos. 


Com à repercussão de Annie Hall (1977), o cineasta encontrou o seu método autoral de fazer filmes. Utilizando à comédia e o drama, como um equilíbrio entre sentimentos gélidos e cômicos. Em Manhattan (1979), à sua identidade parece não ter perdido à sua essência. E mesmo que, o diretor partilhe de conceitos narrativos e decupatorios passados, Manhattan (1979), não é uma continuação escrachada do longa. Aqui vemos personagens iguais em "universos" diferentes. 


É interessante como, Woddy Allen utiliza à cidade de Nova York (Manhattan), como algo plástico e maleável. O cineasta, molda uma cidade esteriotipada e à transforma em algo próprio para os gostos e concepções dos personagens. Em outras palavras, Allen faz de uma cidade romantizada algo burlesco onde tudo que se imagina, pode acontecer. Desfazendo à grande e bela Nova York, e criando uma cômica bolha de pessoas malucas. 

À decupagem, é uma decupagem que quando identificamos automaticamente remetemos à filmografia de Woody Allen. O diretor limita os movimentos dos personagens em planos gerais médios e close-up médios, assim realçando à beleza nova-iorquina com utilização de planos gerais extremos. Segundo o brilhante físico alemão Albert Einstein (1879 - 1955), o tempo é algo relativo. Cito Albert Einstein porquê não percebemos às horas passar enquanto estamos assistindo Manhattan (1979). Deve se levar em conta à utilização de uma linguagem menos complexa para uma sociedade preguiçosa e ignorante. Os diálogos são fluidos, cotidianos e verossímil. Com uma montagem confortante e hilária. 

Em suma, à palavra conforto resumiria bem à proposta do longa. Um grande filme que assistimos à noite, deitados em nossa cama ou sentados em nossa poltrona. À dosagem precisa de sarcasmo e piada, é algo milimetricamente calculado, Woody Allen, repassa o que deu certo em seu cinema, mostrando ao público à sua comiga persona criada anteriormente. Manhattan (1979), é um filme dinâmico e que nos primeiros momentos sabemos que ali se trata de um filme dirigido por Woody Allen.





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