Crítica | O Sétimo Selo (Det sjunde inseglet)
Romanos 6:23 "Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva gratuita de Deus é a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor". Você tem medo da morte? Ingmar Bergman, em sua a obra-prima nos convence de um evento canônico humano.
Em uma mundo fantasmagórico e surreal, a peste negra está se alastrando pela Europa quando um cavaleiro volta de uma cruzada. Antonius Block (Max Von Sydow), é visitado pela morte (Bengt Ekerot), que pretende o levá-lo. Antonius Block, propõe uma partida de xadrez com a morte. Ao passar dos dias, Block conhece pessoas com destinos controversos. Mas, com rumos traçados em torno de uma abnegação carnal. E que agora, uma partida de xadrez não vale apenas pela vida de Block, mais diversas vidas estão em jogo.
O longa dirigido por Ingmar Bergman, foi indicado ao Cannes Film Festival em 1957, ao prêmio Palme d'Or. O longa também foi indicado e vencedor do Sindacato Nazionale Giornalisti Cinematografici Italiani 1961 (Itália), e venceu na categoria de Melhor Diretor - Filme Estrangeiro. É estranho pensar que um filme com o potencial de O Sétimo Selo (1957), seja indicado à poucos prêmios em premiaçoes anuais. Estamos diante de uma obra-prima do cinema, podemos cogitar à possibilidade do longa ter sido vítima de um "cancelamento", por retratar assuntos controversos em uma época tão temerosa, uma época em que a sociedade era privada de um realismo religioso e um realismo moral.
Ingmar Bergman, foi um dos cineastas mais importantes e relevantes para a história do cinema. Suas obras criam uma atmosfera onírica em um mundo surrealista. Este mundo onírico, foge visivelmente de um mundo realista para fazer parte de uma atmosfera fantasiosa e fantasmagórico. Costumo dizer que o cineasta criou um mundo propriamente autoral de fabulações imaginárias. É como se o realismo fosse partido como um tronco de uma humilde árvore. Assim, dando lugar à utopias e fantasias. O Sétimo Selo (1957), talvez seja uma de suas obras mais lembradas e reverênciadas em toda sua filmografia. O filme traz questões éticas religiosas, e um temor que está enraizado na carne humana, o temor à morte e a descrença em uma força maior (Deus). Se pensarmos de uma maneira implícita, à mensagem principal que o longa deseja transmitir, é o temor ao desprendimento carnal para um plano superior.
No cinema contemporâneo, raramente nos deparamos com obras cinematográficas de profundidades semioticas e morais tão gransiososas e profundas. Algo que soa saudosista e nostálgico em um certo ponto, à maioria de filmes nos dias de hoje, seguem um padrão gênerico. Dificilmente, vemos filmes autorais com ideias próprias, que fogem de um certo apego ao cinema de gênero. Ingmar Bergman, foi um gênio. Um cineasta que carregava elementos fartos de prudências ao homem, e que ao mesmo tempo, colocava certas indecisões e incertezas em sua mente.
O Sétimo Selo (Det sjunde inseglet), parece ser um filme simples em elementos de mise-èn-scene e decupagem. Mas, mesmo que o filme seja "simples", o que irá se sobressair é como o cineasta articula está simplicidade. E mesmo em produções grandiosas e recheadas de recursos audiovisuais, muitos cineastas pecam no modo de como toda está fartura é articulada. Não é o caso do longa dirigido por Bergman, o diretor consegue trazer um assunto que possa se parecer complexo de algum modo, de uma forma que não há opacidade alguma. Como se o cineasta soubesse do impacto que aquele filme iria trazer para nós e para o mundo, e tirasse toda à complexidade narrativa, que poderia cair em um filme sem sentido lógico para à época. Insumo, à simplicidade decupatoria do filme, é articulada com maestria.
A união de elementos surrealistas e fantasmagóricos, é algo muito bem idealizado. Justamente para causar um desconforto mental à quem assiste. Em uma linguagem pejorativa, o longa é um espanta medroso. Um filme que traz incertezas religiosas e inseguranças físicas e espirituais, de uma vida que está cara a cara com à morte.
Considero o filme como a obra-prima fundamental de Bergman, um filme que apela para o arrependimento espiritual surgir em meio à uma vida contornada de pecado. Sinto que o filme foi idealizado como um método artístico redentor humana. Morangos Silvestres (1957), evidência o mesmo pensamento pessoal e autoral do cineasta, uma morte que está cada vez mais próxima, e o espelho de nossa vida refletindo nossos erros passados. Podemos definir as obras de Ingmar Bergman, em uma pequenas palavras... a redenção espelhada de uma vida que está cada vez mais próxima de seu fim.
É comum cineastas deixarem à sua marca autoral em sua filmografia. Ingmar Bergman, foi um homem que tinha seus conceitos e ideias filosóficas em seu conciente, e que tudo foi transmitido através do seu método de fazer cinema. E mesmo que, O Sétimo Selo, seja um filme com mais de 60 anos de idade, sua mensagem não é opaca aos olhos contemporâneos, funcionando profundamente ao leigo sobre um desapego de concepções terrenas para algo que será eterno. E por isso, o filme possa ser uma das obras mais atemporais e morais da história da sétima arte.
O Sétimo Selo (1957), é um filme que deixa questões incógnitivas ao espectador. Estariamos sendo feitos de peças de xadrez por um Deus impiedoso? Seriamos nós, peças de um jogo chamado vida? Insumo, o longa dirigido por Bergman, traz concepções enigmáticas até a contemporaneidade. O próprio cineasta diz que seu filme ajudou a compreender e aceitar a morte. Podemos levar em conta esta experiência de Bergman, como algo que o filme propõe passar ao espectador. Em minha opinião, este é o poder dominante em O Sétimo Selo (1957).
Muito bom 👏
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