Crítica - Pobres Criaturas (Poor Things)
O empoderamento feminino é algo doce? Ou a verdadeira face do mundo tem um gosto amargo?
Antes de mergulhar à esse surrealismo, devemos ponderar e comentar sobre Pobres Criaturas (Poor Things), por partes individuais. Acho interessante começarmos à dizer sobre as reais intenções por traz da mise-èn-scene, uma unidade estilistica luxuosa/vitoriana que serve apenas como uma máscara atrativa que enbeleza intenções filosóficas distintas. Uma construção artística e linguística muito bem construída e articulada por Yogos Lathimos, que utiliza de um meio imersivo para adentrar à pensamentos leigos sobre o extremismo ideológico. Em outras palavras, Pobres Criaturas (Poor Things), soa como um filme que busca à polêmica e a controversa, à se olharem olho à olho e tirarem suas conclusões cara a cara. Uma conversa se não for realizada civilizadamente pode acarretar em opiniões totalmente distorcidas e distantes. Arrisco dizer que Pobres Criaturas (Poor Things), é um Barbie (2023) 2.0, no modo de como toda essa ideologia feminina é articulada em meio ao mundo real.
Isto não é uma crítica à idelogias! Estou apenas apontando tópicos abordados de modo implícito que precisam ser destrinchados para uma válida crítica cinematográfica. Pois, essa é a real essência da crítica de cinema, solapar elementos que estão enterrados na raiz narrativa e que precisam vier à tona para um debate poético e cinematográfico. Toda obra cinematográfica, carrega elementos próprios que irão ser o ponto de partida essencial para o seu difrencial às demais obras. O longa dirigido por Lathimos, traz uma distorção estrutural que quebra as barreiras do realismo, é interessante como à abordagem plástica é realsada por meio de seus planos e enquadramentos trazendo uma deformação visual para o ambiente surrealista.
Há inúmeras variações linguísticas que serão utilizadas de maneira implícita que são intercaladas de maneiras pontuais. Há momentos que o fantástico será realçado como uma realidade, e há momentos em que as ideologias e alusões serão como um tópico reflexivo que trará profundidade moral para à obra. Em última análise, Pobres Criaturas (Poor Things) consegue muito bem mesclar à contemplação imersiva e o discernimento moral.
Também podemos considerar, Pobres Criaturas (Poor Things) como uma alusão a ausência e carência materna. No longa, acompanhamos o renascimento de uma suicida, que após ser encontrada pelo gênio excêntrico Dr. Godwin Braxter (Willem Dafoe), é revivida novamente. Mas agora, com astúcias e trejeitos de uma criança. É engraçado como o longa pode parecer um filme inocente, mas sua "pureza" se torna totalmente ilusória para criar um debate psíquico e polêmico. Pobres Criaturas (Poor Things), partilha desse caráter melodramático infantil para que à obra seja distinguida e levada à sério por um público "cult". Levando em conta essa extravagância estilistica, podemos considerar o filme em uma estética CAMP.
Mesmo que, Pobres Criaturas (Poor Things) aborde inúmeras ideologias em 141 minutos de filme, o cineasta deixa bem claro o temor de uma sociedade conservadora. Em última análise, o longa é um soco na cara do conservadorismo trazendo uma exaltação para a libertação sexual. Algo tratado como um tabu pelo politicamente correto. Algo que abre uma lacunas dúvidosas e controversas sobre ideias liberais e ideias conservadoras.
Entre polêmicas e controversas, arrisco dizer que, Pobres Criaturas (Poor Things) é uma das obras mais polêmicas de 2023. Um filme que consegue abordar várias ideias por meio de uma linguagem distópica fantasiosa. Uma mescla entre a inocência infantil e a malícia adulta.
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