Crítica - Anatomia de uma Queda (Anatomie d'une chute)

Anatomia de Uma Queda (Anatomie d'une chute), é resumidamente um filme sobre o espírito e a apetite sensacionalista da humanidade em julgar. Na verdade, um sentimento de excitação egocêntrica de um indivíduo em julgar e pré-julgar atos que nossa consciência cogita, mas não enxerga, ou seja, é um circuito vicioso constante que envolvem questões retrógradas de uma vida fraturada pela introspecção individual e conjugal. Nessa questão, podemos considerar o filme dirigido por Justine Triet, um pouco quanto invasivo e análogo. Sim, há certas cartilhas melodramáticas que estão sendo usadas e reutilizadas por um grande período. Causando uma certa saturação visual e criativa para o currículo narrativo da sétima arte. Mas, na sociedade contemporânea nada é realmente autêntico, e sim, uma de cópia espelhada de inúmeras réplicas. Isso é algo inócuo se pensarmos no poder massivo e democrático que esse avanço/evolução industrial acarretou, eliminando de modo drástico uma analfabetização cultural, ética e visual.

Estamos vivemos uma ignorância e uma introspectiva perante à nossa própria evolução industrial e civil. Costumo chamar de analfabetismo da cinéfilia, por causa da ignorância em considerar e ignorar ideias replicadas como algo mais do mesmo ou clichê. Uma boa parte de cinéfilos/amantes da sétima arte, dizem que, para uma obra cinematográfica discrepar o seu potencial comparado às demais, obrigatoriamente precisa ser 100% "diferentona" e inovadora. Particularmente, consigo até concordar com certos pontos deste raciocínio, mas considero um tanto como limitador levando em conta as "peças maleáveis" de uma arte chamada cinema. Mesmo com todos os artifícios linguísticos e estéticos, cineastas falham no modo como essa linguagem será abordada encaixando de forma prática com aqueles acontecimentos. Mas, as vezes os cineastas procuram abordar algo totalmente desconexo com aquele universo que está sendo partilhado, resultando em uma inclusão narcisica que busca uma precisão cerebral, mas que, acaba se tornando mais uma em meio à outras.

Cada caso é um caso, mas, o filme não partilha de uma mesmisse geral. Anatomia de Uma Queda (Anatomie d'une chute), é uma incógnita psíquica e psicanalítica. Afinal de contas, somos os verdadeiros culpados pelo nosso próprio fracasso? Um dos pilares maiorais que formam uma firme coluna estrutural que encaixa as lacunas igualitárias do filme. Em suma, o longa passou raspando em ser mais um em meio de grandes obras cinematográficas. Para mim, Anatomia de Uma Queda (Anatomie d'une chute), é milimetricamente ou matematicamente bem aproveitado com destreza e cautela aquilo que ele está desejando abordar.

Basicamente, todos os filmes que abordam caráter e atos criminalisticos, tem como base à psicologia como um estudo profundo de uma mente em estado de fúria e perturbação. É interessante como, Anatomia de Uma Queda (Anatomie d'une chute) abre alas para fissuras futuras que será um trauma para o indivíduo (no caso, uma criança). A introspecção de um indivíduo, é algo que alimenta o espírito nascisista de outras pessoas? Afinal de contas, acabamos jogando o peso do fracasso no ombro de outras pessoas, quando somos nós o errado de tudo? Isto é algo que engrandesse o filme, deixando portas para serem batidas e investigadas. Hoje em dia, somos levados por opiniões e gostos de outras pessoas, ou seja, consideramos um bom trabalho pela massificação que ele resulta. Sou totalmente contra à essa padronização do gosto pessoal. Uma das melhores obras de 2023 indicadas ao Oscar. Ou se não, o filme de 2023. Perguntas, perguntas e mais perguntas.