Crítica - Bodies Bodies Bodies


Uma deturpação contemporânea

Numa visão mais conservadora, ela chega a uma conclusão teórica e até equânime sobre uma busca incansável pela dopamina, no cinema — adolescentes que estão exalando hormônios, por incrível que pareça, são o resultado de um extermínio sanguínario descontrolado. De maneira concisa, esse filme é e funciona como uma espécie referencial ao slasher que se popularizou nos anos 80', uma final-girl e um assassino (a) extremamente cruel, na maioria das vezes previsível. Na prática, A premissa de Bodies Bodies Bodies (2022), é uma réplica de premissas marcadas pelo gênero do suspense. Locais e cenários sem saída, extremamente apertados, reforçando ainda mais um sentimento claustrofóbico e duvidável. Um grupo de jovens se reúne em uma mansão, em busca de êxtase e resenhas, mas, um assassinato em série começa com uma simples brincadeira, no fim das contas, quem será o responsável pelo sangue? 

Um delírio, uma paranoia ou ilusões causadas pela desobediência conservadora? Bodies Bodies  Bodies (2022), é uma pulga atrás da orelha. E, realmente, tenho a certeza que, se colocarmos toda alienação e toda dependência emocional e intelectual moderna e colocarmos uma pequena pitada de um maneirismo num liquidificador, resultará em Bodies Bodies Bodies (2022), aonde pincelamos um maneirismo visível e exagerado contrastando com uma turma de jovens rebeldes. Diga-se de passagem, foi uma escolha que se encaixa muito bem na troca do primeiro para o segundo ato. Bagunçado? — Sim e não. Na verdade, o longa, dirigido por Halina Reijn, é também um estudo sobre a mentira. — O que seria à verdade? Em minha opinião, é esse estudo que ergue todos os arquétipos que poderiam soar cansativos aos olhos cansados de um espectador acostumado com o igual. Ao invés de apostar no mais do mesmo, um estudo envolvente e agonizante é o grande protagonista, um protagonismo criminoso e incógnito. 

Efetivamente. O resultado de toda essa salada extremamente recheada de psicopatia e alucinações, afinal de contas, é o ingrediente principal que irá realçar o sabor do cardápio, é uma ardência do estudo psíquico que salta diante tudo isso. Como eu disse anteriormente, o longa é um estudo psicológico sobre a intensidade sincera de uma amizade e sobre as lacunas psíquicas que erguem um caráter narcisista, egocêntrico e falsificador. A claustrofobia é uma das melhores ajudas para uma boa construção de um suspense. Aqui em, Bodies Bodies Bodies (2022) é um filme que aproveita muito bem esses recursos que o suspense propõe em prol de sua própria construção narrativa. Em específico, o filme traz muitas ideologias que infelizmente são romantizadas com sucesso atualmente, como a legalização das drogas. Nesse contexto, aqui neste filme, ela se torna a vilã de todos os atos criminosos que acontecem.

Eu comprei a ideia de que o filme seria bobo e monótono. Por sorte, não consigo enxergar, Bodies Bodies Bodies (2022) como um filme que procura uma centralidade que passe pano ou amenize os efeitos causados pelas drogas, mas sim mostra o resultado carnal e mental que podem ser causados. Se pararmos para pensar, o filme tira todo o lado benéfico e romântico do uso de drogas e apela para uma deturpação causada por ela mesma, ou seja, o longa está muito mais preocupado em alertar do que incentivar. Ótimo para alguns, e terrível para os demais. — Pessoalmente, eu acho ótimo. 







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