Crítica | Madame Teia (Madame Web)
O exagero pelo exagero. O desencaixe pelo desencaixe.
O espectador contemporâneo está à procura de uma feijoada sobrecarregada de estímulos visuais, épicos e algo completamente exacerbado com êxtase. Sinceramente, chegamos em uma época de pré-julgamentos contra à própria contemporaneidade. Aonde, limitamos o nosso próprio apresso individual pra fazer parte de uma "equipe da cinéfilia", ou seja, para algo ser realmente excelente, aquilo precisa ser do modo que desejamos. O cinema, é uma arte que trabalha com diferentes formas de impacto, justamente para, diversificar e ampliar caminhos que a linguagem irá seguir em seu futuro. Eu gosto de começar meus textos escrevendo sobre a linguagem optada de modo visível e invisível, sim, há elementos que são intencionalmentes guardados para serem destrinchados e analisados. Madame Teia (Madame Web), não é um filme bobo e nem ingênuo. Apenas, sua extravagância cafona é mau aproveitada e articulada em alguns aspectos.
Uma das maiores idiotices do espectador/cinéfilo, é cogitar e julgar às qualidades técnicas, estéticas e narrativas de um filme, sem ao menos assisti-lo. Pessoalmente, procurei assistir ao filme dirigido por C. J. Clarkson, sem pré-julgamentos e com a mente totalmente aberta para qualquer tipo de ideia que o filme está disposto à transpassar. Afinal de contas, o longa foi dilacerado pela crítica e pelo publico. Existem filmes de super-heróis que trabalham com o exagero da estética CAMP. Homem-aranha (2002), Pobres Criaturas (2023), são grandes exemplos de um bom CAMP. É preciso até uma auto-consciência de sua própria breguisse estética para fugir de um realismo que não se encaixa no universo que o filme está. Em suma, sou loucamente apaixonado pelo encanto visual na sétima arte. Mas, Madame Teia (Madame Web), é um filme que causa dores de cabeça e náuseas.
Hipérboles as vezes são bem estruturadas e utilizadas com um propósito narrativo que condiz com o volume e densidade fantasiosa e épica que o filme deseja partilhar. Mas, em breves e simples palavras, Madame Teia (Madame Web) é o exagero pelo exagero, um exagero de forma gratuita, desgovernada e sem noção. O longa, deslocaliza e brinca de modo conciente com certas ações que são tomadas pelos personagens. Não consigo ver sentido do por que de tantas peripécias e gangorras zenitais que são feitas com a câmera nos minutos iniciais do longa. Algo que me causou um certo desconforto e uma vontade de vomitar.
Não estou querendo lacrar e nem generalizar com coisas cruas e superficiais! Mas, uma coisa é certa, sempre quando há indícios de uma certa ingenuidade ou inocência, também há uma dose de malícia. Madame Teia (Madame Web), é um filme que procura o empoderamento feminino? O longa dirigido por C. J. Clarkson, escava e colhe frutos fantásticos de um super-herói chamado Homem-aranha? Primeiramente, devemos abordar e debater discursos que estão até de uma certa forma implícitos e cobertos por toda fantasia mística que envolve nuances clássicas de um melodrama, como, um vilão super maldoso e ações extremamente exageradas. Mesmo sendo um fanático pelo CAMP e o melodrama, não consigo me impactar com as formas estéticas que são abordadas no longa. Não há um encaixe coeso com toda a maluquice que é Madame Teia (Madame Web).
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