Crítica | Madame Teia (Madame Web)


O exagero pelo exagero. O desencaixe pelo desencaixe. 

Ao mesmo tempo que, o melodrama é um dos gêneros mais amados do cinema, é um dos gêneros mais pre-julgados e odiados do cinema. Mas, o melodrama é uma das linguagens mais maravilhosas e importantes da sétima arte. O gênero, abriga uma boa parte das obras cinematográficas, ou seja, todos os filmes tem uma pequena dose melodramática. Mas, não são todos que parecem se encaixar de forma coesa que adeque com o que está proposto na narrativa. Filmes que procuram uma linguagem um pouco mais cartunesca e fantasiosa, precisam sim, procurar um encaixe que harmonize de modo autoconciente com tais atos atmosféricos que estão visualmente explícitos. Existe um certo preconceito e um pré-julgamento enraizado com filmes que buscam um hiperestímulo narrativo, estilistico e visual do espectador, ou seja, somos estimulados e encantados visualmente à todo momento. Em suma, o melodrama é um artifício linguístico que propõe o encantanto visual e um espelhamento de identificação com o espectador. Em uma sociedade ansiosa, há um espectador carente por paciência.


O espectador contemporâneo está à procura de uma feijoada sobrecarregada de estímulos visuais, épicos e algo completamente exacerbado com êxtase. Sinceramente, chegamos em uma época de pré-julgamentos contra à própria contemporaneidade. Aonde, limitamos o nosso próprio apresso individual pra fazer parte de uma "equipe da cinéfilia", ou seja,  para algo ser realmente excelente, aquilo precisa ser do modo que desejamos. O cinema, é uma arte que trabalha com diferentes formas de impacto, justamente para, diversificar e ampliar caminhos que a linguagem irá seguir em seu futuro. Eu gosto de começar meus textos escrevendo sobre a linguagem optada de modo visível e invisível, sim, há elementos que são intencionalmentes guardados para serem destrinchados e analisados. Madame Teia (Madame Web), não é um filme bobo e nem ingênuo. Apenas, sua extravagância cafona é mau aproveitada e articulada em alguns aspectos. 

Uma das maiores idiotices do espectador/cinéfilo, é cogitar e julgar às qualidades técnicas, estéticas e narrativas de um filme, sem ao menos assisti-lo. Pessoalmente, procurei assistir ao filme dirigido por C. J. Clarkson, sem pré-julgamentos e com a mente totalmente aberta para qualquer tipo de ideia que o filme está disposto à transpassar. Afinal de contas, o longa foi dilacerado pela crítica e pelo publico. Existem filmes de super-heróis que trabalham com o exagero da estética CAMP. Homem-aranha (2002), Pobres Criaturas (2023), são grandes exemplos de um bom CAMP. É preciso até uma auto-consciência de sua própria breguisse estética para fugir de um realismo que não se encaixa no universo que o filme está. Em suma, sou loucamente apaixonado pelo encanto visual na sétima arte. Mas, Madame Teia (Madame Web), é um filme que causa dores de cabeça e náuseas.

Hipérboles as vezes são bem estruturadas e utilizadas com um propósito narrativo que condiz com o volume e densidade fantasiosa e épica que o filme deseja partilhar. Mas, em breves e simples palavras, Madame Teia (Madame Web) é o exagero pelo exagero, um exagero de forma gratuita, desgovernada e sem noção. O longa, deslocaliza e brinca de modo conciente com certas ações que são tomadas pelos personagens. Não consigo ver sentido do por que de tantas peripécias e gangorras zenitais que são feitas com a câmera nos minutos iniciais do longa. Algo que me causou um certo desconforto e uma vontade de vomitar. 

Não estou querendo lacrar e nem generalizar com coisas cruas e superficiais! Mas, uma coisa é certa, sempre quando há indícios de uma certa ingenuidade ou inocência, também há uma dose de malícia. Madame Teia (Madame Web), é um filme que procura o empoderamento feminino? O longa dirigido por C. J. Clarkson, escava e colhe frutos fantásticos de um super-herói chamado Homem-aranha? Primeiramente, devemos abordar e debater discursos que estão até de uma certa forma implícitos e cobertos por toda fantasia mística que envolve nuances clássicas de um melodrama, como, um vilão super maldoso e ações extremamente exageradas. Mesmo sendo um fanático pelo CAMP e o melodrama, não consigo me impactar com as formas estéticas que são abordadas no longa. Não há um encaixe coeso com toda a maluquice que é Madame Teia (Madame Web)

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