Crítica - A Palavra (Ordet)

Amém. 

O remédio benéfico e funcional para a ansiedade contemporânea do homem que está cansado de esperar é a volta do Messias aguardado. Isto é, algo que fortalecerá a sua fé perante uma escória mundana que está prestes a sucumbir. Enfim, até quando durará todo sofrimento? O profeta Isaías diz que, "Porém, ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados". Isaías 53:5. Antes de tudo, procurar uma fórmula homogênea que aborde doutrinas bíblicas e religiosas é uma imparcialidade complexa e errônea de nossa parte, na maioria das vezes. Amenizar uma intensidade religiosa em um artigo ou em um texto crítico é uma das tarefas mais difíceis, algo que exigirá um manejo cauteloso do autor. Discutir de modo apartidário e uniforme é um dos ofícios mais complexos contra o nosso caráter egocentrista. O narcisista está sempre procurando brechas para transformar a sua verdade em uma verdade absoluta. Na verdade, a verdade está sólida. A verdade é uma só. Mas, não devemos empurrá-la à força no caráter doutrinário e filosófico do homem. 

Carl Theodor Dreyer foi um mestre em transmitir uma melancolia condenável que julga e destroça o indivíduo até seus ossos. O Martírio de Joana d'Arc (1928) é uma prova audiovisual de uma articulação individual e pura das Imagens - Afecção, uma patente linguística de seu cinema. Onde trará uma névoa melodramática e mórbida que está expremida de sentimentos como tristeza e melancolia. Em, A Palavra (Ordet), todos os sentimentos de afecção repetirão da maneira. O que podemos fazer quando um familiar diz ser o próprio Jesus de Nazaré? Até que ponto podemos negar a nossa própria fé devido ao ego? Essas são questões básicas que envolverão a premissa de A Palavra (Ordet). Sua premissa soa muito diferente da maioria dos filmes que abordam questões religiosas. Carl Theodor Dreyer coloca a mão no fogo por algo bem ousado, podemos dizer, mas, em suma, é resultado de uma das obras-primas mais emocionantes do cinema.


Desde seus minutos iniciais, sabia que A Palavra (Ordet) seria ambíguo para alguns, forçados para outros e glorioso para os demais. Com certeza, temos a nossa própria fé, mas que está guardada em uma parte pessoal de nosso caráter espiritual. Soa paradoxal, mas sentir é sentir emoções. Seria um hipócrita negar os meus sentimentos que foram sentidos em 125 minutos. É praticamente impossível assistir a um filme que transmite uma intensidade sensorial que penetre profundamente em nossa alma e não refletir aquilo que foi sentido. Você ainda tem fé? A Palavra (Ordet) é redentora para aquele que não tem fé. Para mim, esse é o seu maior poder, filmes espelham uma lição para nós, em minha opinião, isso é uma das coisas mais lindas do cinema. A Palavra (Ordet) é uma brisa gélida e fervorosa. Algo que vemos na diegese do longa, onde ouvimos um vento impetuoso e infinito soprando sobre nossos ouvidos. Vale a pena filosofar um pouco sobre isso, pois A Palavra (Ordet) é um filme filosófico. "A fé move montanhas", realmente isso é verídico.






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