Crítica - 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey)

O cinema é uma odisseia no espaço. Ou melhor dizendo, uma odisseia espacial que procura penetrações no comodismo e que invadem o nosso sensorialismo e existencialismo. É muito comum ouvir dizer que o acrônico é algo que não existe no cinema e que tudo é um registro temporário de seu próprio tempo. E é muito interessante como este longa-metragem subverte imitações e limitações, abrindo uma exceção própria e característica para o filme como um todo. Stanley Kubrick não era um amador. Stanley Kubrick foi um dos maiores gênios da sétima arte, ou, se não, o maior. Eu enxergo o cineasta como um arquiteto de uma nova perspectiva de uma realidade comum, quer dizer, o cineasta se assemelha a um arquiteto que esculpia temáticas psicológicas para pregar uma incógnita existencial. Uma busca excessiva e incansável de procurar maneiras de destravar aquilo que imaginamos ou até aquilo que imaginamos por temor e que, de uma certa forma, acabavam se tornando transcendentais e intocáveis quando é bem arquitetado.

Por mais engraçado que seja, encontrar, instituir e arquitetar um quebra-cabeça abstrato é fácil, agora, encontrar e procurar uma ordem que reergue as peças de um quebra-cabeça descomplicado é desafiador e confuso. Isto é, uma tradução teórica que irá se traduzir para o cinema, quer dizer, — o óbvio é desafiador e o desafiador é óbvio. E, por mais incrível que pareça, estruturar um conceito crítico sobre filmes desafiadores e enigmáticos é uma das tarefas mais fáceis. O cinema foi vítima de uma paixão, e tudo que começa com amor resulta em prosperidade e transcendência. Você realmente ama o cinema? Pessoalmente, meus olhos foram moldados numa tela de quatro paredes. Na aurora de minha cinéfila, eu sempre procurei preservar uma experiência ideal para aquele filme. É um fato que o cinema é uma arte audiovisual e existem obras que precisam de uma atenção a mais para não serem deturpadas por uma má experiência. Nesse caso, esse filme é um filme que coloca a cabeça para trabalhar, quer dizer, o longa-metragem, dirigido por Stanley Kubrick, não se acomoda em um comodismo confortante. Eu quero dizer que este filme não é um filme que deve ser assistido por uma mente preguiçosa. Pois, há inúmeros signos semióticos que estão fragmentados, reforçando ainda mais uma poesia imagética.

O universo está em expansão, isso quer dizer que expansões e alterações estão acontecendo agora neste exato momento. Mas nem tudo sempre foi assim, sempre brinco dizendo que os meus costumes ritualísticos em assistir a um filme nem sempre foram tão extremistas assim, minha primeira experiência com este filme foi numa noite exaustiva, procurei um aplicativo de streaming, e, foi aí que me deparei com um filme chamado 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey). No dia seguinte, peguei um ônibus escolar, nessa época estudava em um colégio numa cidade vizinha, o tempo de chegada foi o tempo exato para refletir superficialmente sobre o filme. Particularmente, nunca fui fã de ler sinopses e assistir a trailers, talvez seja a melhor escolha se você procura uma imersão profunda e hipnotizante.

Não leiam sinopses e não assistam trailers de filmes! O hábito de ler uma sinopse ou de assistir a um trailer pode ser o causador de uma quebra de expectativas, ou, por outra, pode causar uma ansiedade em visualizar aquilo que foi lido ou visto anteriormente. No entanto, o longa, dirigido por Stanley Kubrick, não contém uma descrição, ou melhor dizendo, uma sinopse que prometa uma descrição concreta daquilo que será apresentado. Estamos diante de uma obra que subverte um enrijecimento dialético. Obrigatoriamente precisamos obter isso em nossas mentes, mas podemos utilizar nosso repertório audiovisual para conseguir vasculhar estilhaços que foram quebrados por uma ambiguidade, uma ambivalência que beira o experimental, podemos dizer. Arrisco dizer que nenhuma obra audiovisual se assemelhe à poesia que é 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey). Uma obra cinematográfica, ou melhor, uma valsa cinematográfica que ultrapassa os limites da existência.

“A aurora do homem”. Atualmente, existe uma busca incansável por autoridade e territorialidade, isso quer dizer que o homem demonstra o seu egoísmo desde os primórdios. É nos primórdios da racionalidade do homem que se desenvolvem as suas astúcias, astúcias que têm em mente persuadir, tiram vantagens de situações e conquistas individuais. As descobertas do homem foram apenas em prol de seu próprio bem-estar. Eu chamo essas descobertas de — puberdade perpétua, uma autodescoberta que impregnou laços manipuladores e perpetuou a virilidade masculina. A aurora do homem não terminou, basicamente, ainda não começou.

Se alguém disser que tem a resposta de um filme, esse alguém está mentindo. A moral de tudo que está envolvido em 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odyssey), é que nós seres humanos somos eternos aprendizes do desconhecido, ou seja, aprendemos com um computador de inteligência artificial que visa a verdade absoluta, mas, na verdade, é uma incógnita. Não sabemos uma verdade clara sobre tudo o que está acontecendo naquela odisseia, mas nos envolvemos e deixamos fluir todos os tópicos existenciais que estão presentes em nosso ser. De fato, vale a pena deixar aquela atmosfera sugar nossos corpos e magnetizar nossos olhos.








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica - Bailarina - Do Universo de John Wick (Ballerina)

Crítica - Armadilha (Trap)

Crítica - Apartamento 7A (Apartment 7A)