Crítica - Rivais (Challengers)


Rivais (Challengers) é um filme que estabelece e evidência de modo geral as relações sociais e as relações estéticas do cinema de Luca Guadagnino. Luca Guadagnino não é apenas um diretor de cinema, mas sim um ótimo compositor. Em outros termos, corpos humanos irão ser o seu objeto plástico, um apetrecho extremamente flexível que intercala em diversos cantos da imagem, criando uma desorientação pictórica e uma deslocalizaçao dos espaços. Essa utilização corporal não será apenas objeto para destacar os acontecimentos dos atletas no esporte, mas também irá fazer parte na totalidade. Fluidos corporais, relações sexuais e advertências irão fazer parte da partida de tênis. Aqui, o tênis não é apenas um mero esporte de lazer ou um simples ganha-pão, o tênis é a vida, uma sede infinita pelo prazer. É como se todas as intenções, inseguranças, sonhos e desejos dos personagens valessem muito mais que um troféu idiota. O carnal valerá muito mais do que um torneio.

Via de regra, a dubiedade é algo característico de comédias românticas medíocres, ou seja, se um longa-metragem apenas focar nessa indecisão, todo calor da dúvida ficará morno. Eu quero dizer que, se esse dilema não for bem utilizado ou o cineasta se garantir apenas nesse dilema, tudo que envolver o filme vai ser estragado. Ainda bem, que essa mesmice não faz parte de Rivais (Challengers), aonde o cineasta não se garantirá apenas na indecisão da moça atraente entre os dois rapazes, ele aplicará algo à mais, algo que trará um espírito provocativo e ambíguo em tudo que envolver a sexualidade entre dois melhores amigos, ou, melhores inimigos.

E, por incrível que pareça, ainda arrisco dizer que essa ambiguidade que envolve a ideologia de gênero seja uma peça chave para um contorno repercussivo, e talvez, polêmico. Além de utilizar uma linguagem tontiante e dinâmica com maestria, os assuntos que são transmitidos passam uma aparência de que aquilo foi feito pensando numa repercussão futura sobre o filme e sobre as variáveis opiniões que envolvem a ideologia de gênero. Na minha opinião, não existe imparcialidade na crítica de cinema, em questão à ideologia de gênero é algo bastante polêmico e complexo, mas, no cinema, tudo dependerá de como essa ideologia foi articulada e com que fins o seu discurso deseja transmitir.

Eu até consigo simpatizar com certas escolhas de linguagem, eu acho que são bem escolhidas com um intuito de fazer o espectador se entregar na vida daqueles personagens por meio de flashbacks e cenas mais íntimas, em última análise, Rivais (Challengers) é um filme muito íntimo e pessoal, algo que partilha de cartilhas voyeuristas, de enxergar a vida e os problemas do próximo com uma câmera destemida sem medo algum de exibir. O olho/câmera desse longa-metragem, dirigido por Luca Guadagnino é o vizinho tarado e a vizinha fofoqueira.









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