Crítica - Uma Astronauta Quase Perfeita (Space Cadet)



Como de costume, toda noite eu coloco um filme em minha lista. Isso se tornou quase um ritual que faço desde meus dez anos de idade. Então, apago as luzes e aperto o play do meu controle remoto. Ontem foi uma noite muito estranha; não sei o que aconteceu. Para ser honesto, estou sem entender até agora. Eu estava assistindo ao filme de Carl Theodor Dreyer (1889-1968), para ser mais exato, um de seus clássicos, "Gertrud", de 1964. Até então, o filme parecia estar tudo certo até seus dezesseis minutos de duração, quando a imagem misteriosamente congelou e a legenda também, algo que infelizmente me fez abandonar aquela sessão que, até então, estava muito interessante.

Foi nesse momento que voltei para o catálogo à procura de algo um pouco mais mainstream, algo mais recente. Em breve, eu iria escrever um texto comentando sobre o que tinha achado do filme. Foi nessa hora que eu caí de paraquedas num filme dirigido pela cineasta americana Liz W. Garcia, em seu mais recente trabalho chamado "Uma Astronauta Quase Perfeita" (Space Cadet). Meus amigos, se eu tivesse alguma máquina do tempo para voltar atrás, não pensaria duas vezes.

Para ser sincero, eu não iria fazer um texto sobre esse filme, um filme que propõe nada e entrega justamente aquilo que ele propõe. Eu só queria deitar a minha cabeça no travesseiro, dormir e esquecê-lo, somente isso. Parecia que eu já estava prevendo e sentindo que esse deslize rotineiro ia pesar drasticamente em minha cabeça. Pois, sempre que termino de ver algo, tenho o hábito de compartilhar minha experiência por meio dos textos que escrevo sobre os filmes que assisto. Por mais extremo e cansativo que isso possa parecer, tentei de todas as formas procurar pontos positivos nesse trabalho, pontos que fariam parte desse texto que estou escrevendo agora.

"Uma Astronauta Quase Perfeita" (Space Cadet) é um filme decepcionante, terrível e abominável. Não estou dizendo isso para bancar aqueles típicos críticos de cinema ranzinzas que encontramos à rodo pela internet, mas não encontrei absolutamente nada que casasse com a proposta "bobinha" desse longa. E, quando pensei que estava encontrando algo, tudo ia por água abaixo. É um mar de decepções e constrangimento, o que resumiria de forma breve e clara esse longa-metragem.

Outrora, eu estava brincando com um amigo, dizendo que, se o crítico musical Regis Tadeu assistisse a esse filme, ele diria que foi um dos filmes mais pavorosos e terríveis de todos os tempos, comparando-o a um episódio genérico de "Malhação". Eu mesmo concordo em partes. Se tirarmos tudo isso de órbita, uma das coisas que mais se sobressai é como a cineasta utiliza esse arquétipo jovial como uma ferramenta para trabalhar a inventividade imagética em algumas cenas. Conseguimos perceber esse esforço nas cenas em que a protagonista imagina seu futuro como astronauta, uma profissão que vem lá de trás, no seu passado com sua falecida mãe. Todo esse jogo pictórico desenvolvido pela cineasta, de algum modo, consegue até compensar a mediocridade narrativa, mas de modo muito leve, beirando o insignificante. O filme está a todo momento empurrando com a barriga algo que combine com seus próprios elementos.

Parece que estamos assistindo a um episódio qualquer de "iCarly", juntamente com os filmes genéricos do Adam Sandler, e, claro, uma pequena referência a "Barbie" (2023) em termos de estética e atuações. É lógico que isso não justifica suas qualidades como um projeto individual. Posso muito bem pegar ideias ruins e transformá-las em boas ideias; tudo depende de nossas mãos, de como lidamos com tudo isso. Tenho certeza de que é possível transformar um filme pastelão em um bom filme, mas nem pastelão esse filme consegue ser. Sua narrativa dá umas reviravoltas que parecem uma odisseia maluca, nos deixam enjoados e nos fazem vomitar.

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