Crítica - Horizon: An American Saga - Chapter 1

Dirigido por Kevin Costner, Horizon: An American Saga - Chapter 1 é o primeiro capítulo de uma saga que promete ter mais três capítulos contando a história de diferentes vidas em uma guerra territorial. O filme é ambientado no Velho Oeste americano e narra a história de diversos personagens que enfrentam os perigos de uma terra inexplorada, cercados por armas, lanças e cavalos, em uma sanguinária batalha pela posse das terras naquela região. Em meio a toda a poeira e areia levantadas, o longa aborda as adversidades de diferentes personagens.

Parece que Kevin Costner levou ao pé da letra aquela famosa frase: "a pressa é a inimiga da perfeição". Com isso, ele demonstra que não há necessidade de afobação ou pressa quando algo extremamente bem preparado está no forno se preparando para ser degustado.

As gravações do longa começaram em 2022 e terminaram apenas em 2024, ou seja, foram dois anos para que tudo fosse concluído conforme desejado. Ao analisarmos a cinematografia e a mise-en-scène do filme, percebemos que a espera valeu a pena. Foram dois anos de uma dosagem certeira para um projeto tão abrangente e ambicioso desse estilo.

São duas palavras que resumem bem Horizon: An American Saga - Chapter 1 (2024): um trabalho que sabe dosar bem os momentos de contemplatividade imagética, sem deixar de lado a relação, os traumas e as adversidades dos próprios personagens.

É engraçado pensar que, mesmo que o filme se passe basicamente no deserto, Costner não quis de jeito nenhum deixar de lado a ideia de uma cinematografia charmosa e elegante.

As imagens transmitem uma sensação de limpeza e pureza em meio a toda a aridez do chão e das montanhas. Isso funciona ainda mais se levarmos em conta todo o espírito de batalha territorial que o filme exibe desde seus primeiros minutos.

Costner utiliza essas vibrações imagéticas de maneira intencional, como se preparasse o cenário para o desbravamento que virá, higienizando o solo antes de trazer a guerra entre povos e nações.

Para causar essa leitura escondida nas entrelinhas, ele faz uso excessivo de planos gerais e planos detalhes, e uma paleta de cores que traz uma ardência ao ambiente. Parece que ele deseja destacar a beleza árida do Velho Oeste dos Estados Unidos.

Percebemos logo de cara que Costner parte de referências clássicas do estilo que se consagrou, usando o close-up como um enfrentamento entre duas pessoas com o dedo no gatilho. Antes dessa provocação, o plano americano é feito, realçando o objeto dentro do coldre.

Dito de outra forma, o longa-metragem não abandona suas raízes no Western Hollywoodiano, partindo de pilares clássicos, mas ao mesmo tempo, busca imprimir trejeitos autorais.

Costner consegue amarrar muito bem esses laços entre uma paixão pelo clássico e uma renovação contemporânea do gênero, sem perder a essência rústica e campestre que poderia ser apagada com a harmonia estilística que o filme exalta em sua fotografia.

Apesar do longa-metragem ser relativamente longo, com 182 minutos de duração, a demora estrutural do filme vai depender de uma série de fatores particulares, incluindo o humor do espectador.

Toda esse bafafa sobre a duração do filme me lembrou Assassinos da Lua das Flores (2023), de Martin Scorsese, que foi criticado por alguns cinéfilos ansiosos. Sinceramente, toda essa pressão gerada por uma geração militante não afetou o resultado final da obra nem suas qualidades particulares.

Uma das coisas que mais me chamou atenção foi como Costner manipula os vilarejos e as tendas, criando uma distância entre os personagens. No entanto, a montagem sugere o contrário; apesar de o diretor buscar uma distância maior ao filmar os acontecimentos de maneira mais individualista, a justaposição das imagens une esses personagens em um mesmo local.

Frequentemente, filmes que exploram o homem bruto e destemido partem de pressupostos unilaterais, tentando exibir um realismo e patriotismo que podem soar forçados e saturados. Em vez de catequizar uma ideologia, acabam se tornando pregações fanáticas. Horizon: An American Saga - Chapter 1 (2024) não tem medo de retirar, de vez em quando, o espírito épico e ideológico. Não estou dizendo que o longa-metragem não é imponente e grandioso – ele é majestoso.

São elementos que não sobrecarregam apenas um lado revivente. Parece que Costner não quis deixar de lado uma abordagem mais biográfica para os personagens, incorporando elementos típicos de um drama comum dentro de um filme que faz referência e traz uma reverencia aos clássicos de John Ford.


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