Crítica - The Alto Knights (2025)

Eu sempre tive em mente que, se um projeto audiovisual optar pelas manifestações sociais, deve manter obrigatoriamente uma fidelidade ao contexto e responsabilidade sobre a representação. De grosso modo, o autor deve tomar muito cuidado com suas escolhas de linguagem, pois, se não, a imagem se torna uma propaganda daquilo que não foi verídico.

Ao mesmo tempo que o cineasta é aquele que retoma, ele pode ser o disseminador de ideias e ideologias que foram derramadas por causa de um mau proveito. E é esse tom agridoce e satírico que me incomoda nesse novo filme de Barry Levinson, quando esse trabalho se correlaciona com certas escolhas de linguagem que estão mais preocupadas em ser exibicionistas do que virtuosas de fato.

Um filme como Rain Man, de 1988, prioriza um realismo maior, pondo em evidência uma continuidade linear de campo e contracampo nos diálogos. Em última análise, The Alto Knights (2025), em sua totalidade, revela uma vaidade autocentrada, que, a princípio, parece ir totalmente na contramão de algo que não tire sarro dos fatos e os ridicularize.

Por mais que isso possa parecer uma implicância boba com o verossímil, essa subversão de não se manter em uma roupagem clássica, essa rebeldia e desobediência tornam-no artificialmente estilizado. É uma crítica que também é válida não só pelo embaraço com esse estilo, mas também pode ser partilhada ao descuido na montagem sonora, que orquestra boa parte dos registros e, quando isso é estruturado em uma coluna histórica, por respeito à história, não se encaixa.

Ambientado entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1950, The Alto Knights (2025), dirigido por Barry Levinson, narra o embate entre dois dos mais lendários mafiosos de Nova York: Vito Genovese, interpretado pelo grandíssimo Robert De Niro, e Frank Costello (que também é interpretado pelo próprio). Genovese constrói alianças e elimina os seus rivais com muita frieza, enquanto Costello luta para manter uma boa aparência e seu império de pé.

Para ser sincero, não vejo problema nessa hibridização de gêneros, claro, se for feita em um projeto que parta de ficção. Apesar disso, uma das minhas implicâncias em torno dessa mistura orgânica de humor e drama é que a junção desses elementos não parece ter uma finalidade que contorne e some com os outros aspectos de linguagem, quando a proposta pende para uma aposta documental.

A figura masculina em crise em meio a transformações sociais sempre foi um esboço em seus filmes. Diner, de 1982, retrata a mudança do jovem para a vida adulta, examinando a masculinidade imatura e o receio do compromisso. Se analisarmos de modo raso, essas coordenadas foram replicadas em seu mais recente filme, mas, se fizermos uma análise do núcleo, não só desse limite, a atuação de Robert De Niro se mostra como mesclas nostálgicas de seus papéis mais memoráveis. No fim das contas, a obra se torna muito medíocre quando se escora nessa dependência nostálgica das atuações, acabando por se apoiar nesse comodismo.

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