Crítica - Caminhos Perigosos (Mean Streats)
O próprio Martin Scorsese reconheceu seus escorregões formais. Em entrevistas posteriores, ele tentou descer um pouco mais abaixo da superfície, criticar a exploração da classe trabalhadora e a violência sistêmica em Boxcar Bertha (1972) , mas, por causa de um entusiasmo marcado por uma busca autoral, culminou num trabalho que soa mais ansioso do que algo que crê no subjetivo. E foi durante o processo desse longa-metragem que seu mentor, John Cassavetes, deu um conselho que abriu os olhos do baixinho: "Você gastou um ano inteiro de sua vida fazendo um pedaço de merda. Agora vá fazer um filme pessoal." Agora, em Caminhos Perigosos (Mean Streets), consigo perceber um Scorsese mais pé no chão e confiante em imprimir suas vivências como ítalo-americano no bairro de Little Italy, sem receio de arquivar seus discursos estéticos e políticos. Tal acerto pode ser interpretado como um temor de tomar outro "tapa na cara" de Cassavetes, de ...